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Quem perdeu na reforma de Elmano
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Quem perdeu na reforma de Elmano

A reforma administrativa conduzida pelo governador Elmano de Freitas (PT) consagrou alguns grupos, entre os quais o de Domingos Filho (PSD) e o de Cid Gomes (PSB), mas acabou por reduzir ou apenas manter os espaços de outros
Tipo Opinião
FORTALEZA, CEARÁ,  BRASIL- 2612.2024: Elmano de Freitas, Governador do Ceará, entrevista exclusiva para OP NEWS apresentado por Italo Coriolano e participação de Guilherme Gonçalves. (Foto: Aurélio Alves/Jornal O POVO) (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL- 2612.2024: Elmano de Freitas, Governador do Ceará, entrevista exclusiva para OP NEWS apresentado por Italo Coriolano e participação de Guilherme Gonçalves. (Foto: Aurélio Alves/Jornal O POVO)

A reforma administrativa conduzida pelo governador Elmano de Freitas (PT) consagrou alguns grupos, entre os quais o de Domingos Filho (PSD) e o de Cid Gomes (PSB), mas acabou por reduzir ou apenas manter os espaços de outros. É o caso, por exemplo, do deputado federal José Guimarães (PT), cujo capital não se ampliou nesse movimento que realocou cadeiras no primeiro escalão. O momento pede atenção para o líder do governo Lula na Câmara, que considera a sério a hipótese de concorrer ao Senado em 2026, tendo como adversários internos o também deputado federal Eunício Oliveira (MDB) e o próprio Cid, ambos chancelados com apoio do ministro Camilo Santana (Educação). A se considerar que o governador assegurou mais poder no Abolição ao trio Eunício/Domingos/Cid, o entendimento é de que essa coalização se apresenta como ensaio do bloco formado para a corrida eleitoral de daqui a dois anos, com posições nas chapas já previamente marcadas. Pelo menos é assim que um petista mais atento aos gestos políticos dentro do Executivo tem interpretado os passos de Elmano.

Luizianne fora do radar

Outra liderança mantida afastada do "núcleo duro" do governo Elmano é a (ex) aliada Luizianne Lins (PT). Com o deslocamento do ex-candidato Waldemir Catanho para o Detran, deixando a Articulação Política nas mãos de Nelson Martins, a ex-prefeita da capital cearense se viu ainda mais distante do chefe do Executivo, de quem já foi mais próxima - Elmano integrou as gestões de LL no Paço mais de uma década atrás. Para interlocutores, o cenário é inédito dentro do PT, ou seja, figuras históricas e relevantes politicamente ainda hoje (Luizianne e Guimarães), mas sem grande protagonismo dentro da administração do partido, seja em âmbito estadual, seja municipal. Não por acaso, ambos resistem a se converter à cartilha do "camilismo" no Ceará. LL já desde algum tempo é desafeta de Camilo, uma indisposição mútua que só se ampliou no curso do processo eleitoral deste ano (por isso Catanho foi rifado do centro de comando), chegando hoje quase ao ponto da ojeriza recíproca; Guimarães, por sua vez, detém controle da máquina partidária, um trunfo ao alcance para fazer frente a possíveis resistências no caminho no desenho da chapa que se esboça para 2026.

O anúncio de Evandro

O prefeito eleito Evandro Leitão (PT) anuncia hoje os nomes dos titulares das Secretarias Regionais de Fortaleza. Na lógica palaciana, normalmente os gestores reservam-se o direito de fazer as nomeações mais propriamente políticas (naquele sentido nada lisonjeiro do termo) para esses equipamentos, que já foram bastante fortes à época de Juraci Magalhães e também de Luizianne, mas acabaram relativamente esvaziados sob José Sarto (PDT). A intenção de Evandro é converter as Regionais em novas "prefeiturinhas", empoderando os chefes locais para que consigam estabelecer prioridades na agenda dos bairros, discutindo orçamento e ações mais importantes. Há um lado bom na descentralização da gestão, mas os riscos são velhos conhecidos.

Make Massapê Great Again

O novo prefeito de Massapê, Ozires Pontes (PSDB), queixou-se ontem da situação fiscal herdada no município, gerido até dia 31 de dezembro por Aline Albuquerque (Republicanos), filha do secretário estadual Zezinho Albuquerque e irmã do deputado federal AJ Albuquerque (PP). Em vídeo gravado e divulgado pelas redes, Ozires (também ele "nepo baby" na política, já que filho do ex-senador tucano Luiz Pontes) fala que a então prefeita não teria participado de uma reunião sequer para tratar da transição. Usando boné do "Maga" (com os dizeres "Make America Great Again"), o sucessor municipal listou os principais desafios de seu governo de inspiração trumpista.

 

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