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Os planos do PT para frear avanço de Cid
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Os planos do PT para frear avanço de Cid

A meta de superar o PSB em número de parlamentares foi enfatizada pelo próprio Guimarães e pelo líder do governo Elmano na Alece, deputado estadual Guilherme Sampaio
Tipo Notícia
O deputado cearense José Guimarães (PT) entrou fortemente na briga pelo Senado (Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)
Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados O deputado cearense José Guimarães (PT) entrou fortemente na briga pelo Senado

Há uma queda de braço sendo travada neste momento entre o PSB de Cid Gomes e o PT de José Guimarães e que diz respeito à representatividade dos dois partidos na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). Depois da migração de deputados estaduais do PDT ao PSB, a legenda de Cid se tornou a maior força da Casa, por enquanto. De acordo com lideranças petistas, esse quadro deve mudar a partir da janela partidária do ano que vem, quando nomes hoje indecisos podem optar pelo petismo local. Não é o caso de Bruno Pedrosa (ainda no PDT), que tende a se filiar ao PT já agora, nas próximas semanas.

A meta de superar o PSB em número de parlamentares foi enfatizada pelo próprio Guimarães e pelo líder do governo Elmano na Alece, deputado estadual Guilherme Sampaio. Para eles, é condição primordial que o PT assegure o posto de maior sigla do arco de sustentação do chefe do Executivo. Para tanto, não deve esperar as eleições, mas atuar desde agora, nem que tenha de atrair parlamentares de agremiações aliadas, a exemplo do PSB. Nos bastidores, parte do entorno do governador entende que o projeto de reeleição teria mais solidez se amparado por um PT com maior musculatura, sem depender do cidismo e do PSB, ainda que sob direção de Eudoro Santana.

O futuro de Idilvan

Deputado federal licenciado e hoje titular da Secretaria da Educação de Evandro Leitão (PT) na Prefeitura de Fortaleza, Idilvan Alencar (PDT) deve adiar qualquer decisão sobre mudança de partido para abril de 2026. Segundo o pedetista, ainda é cedo para discutir o assunto. Conforme aliados de Cid, no entanto, havia expectativa de que ele assinasse logo a ficha do PSB, o que não aconteceu - e talvez nem venha a acontecer. Mais próximo de Camilo, o secretário considera se filiar ao PT no limite do prazo, de modo a atenuar desgaste com Cid. Essa operação tem sido conduzida com cuidado, principalmente por causa das queixas públicas que o senador chegou a manifestar quando outro então pedetista (Evandro) se bandeou para o petismo.

Guimarães e Eunício na briga

Os deputados federais Eunício Oliveira (MDB) e José Guimarães (PT) entraram mais fortemente na briga pelo Senado em 2026, ambos com uma cartada na manga: o apoio declarado do ministro Camilo Santana (PT). A Guimarães, o ex-governador rogou que deve representar muito bem o Ceará na Câmara Alta na próxima corrida eleitoral. Ocorre que Camilo vem se comprometendo com mais candidaturas a senador do que o número de vagas (duas), a se crer no que dizem seus "apadrinhados". Um deles é Chiquinho Feitosa (Republicanos), cujo nome também contaria com a graça do petista, que já consagrou Cid Gomes como concorrente à reeleição - e Cid, por sua vez, lançou Júnior Mano ao Senado, o que acelerou ainda mais as articulações (daí Guimarães fincar bandeira nesse fim de semana, com direito a boné especialmente confeccionado). Considerado apenas esse recorte, lá se vão cinco pretendentes.

Oposição se movimenta

O bloco anti-PT no Ceará tem agenda prevista amanhã no que promete ser um evento a partir do qual as três forças oposicionistas (União Brasil, PL e PDT "cirista") podem aos poucos consolidar uma chapa para o ano que vem. Há muitas arestas por aparar, é verdade, mas o fato de Capitão Wagner (União), Roberto Cláudio (PDT) e André Fernandes (PL) decidirem sentar à mesma mesa é já indício de uma compreensão comum: a de que as chances do grupo dependem enormemente de sua capacidade de superar divergências em torno de um projeto minimamente coeso. A complexificar ainda mais o cenário, a queda vertiginosa da popularidade do presidente Lula, verificada pelo Datafolha e pela Genial Quaest, sobretudo na região Nordeste, é elemento que entra nos cálculos das oposições, seja no âmbito local ou nacional.

 

Foto do Henrique Araújo

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