A denúncia apresentada pelo PGR Paulo Gonet contra Jair Bolsonaro (PL) tem dois efeitos imediatos: praticamente enterra qualquer hipótese de anistia ao ex-presidente e o afasta de vez do jogo eleitoral de 2026.

Em suma, aniquila suas esperanças de se viabilizar politicamente de olho na próxima disputa pelo Planalto.

A partir de agora, o STF deve apreciar o texto encaminhado pela Procuradoria-Geral da República que responsabiliza Bolsonaro por uma série de crimes, entre os quais tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado e organização criminosa armada.

Se a Primeira Turma acolher a denúncia, e a tendência é de que o faça sem dificuldades, o ex-mandatário passa à condição de réu em ação criminal.

Segue-se então longo processo, com instrução e oitivas das partes, ao fim do qual o ex-presidente pode ou não ser condenado a mais de 30 anos de prisão.

Do ponto de vista político, Bolsonaro está na lona, sem que os trunfos aos quais tenta recorrer neste momento se mostrem tábuas de salvação confiáveis.

É o caso da alteração na Lei da Ficha Limpa, de resto inviável, e o PL da anistia, também de difícil tramitação no Congresso, especialmente agora.

Em visita ao Senado nesta terça-feira, 18, o ex-capitão disse que não estaria preocupado com uma denúncia de Gonet.

Junte-se a isso a pesquisa encomendada pelo PL e divulgada hoje, e tem-se uma derradeira cartada de Bolsonaro, qual seja, tenta fazer colar a tese de que a Justiça quer vê-lo fora do pleito porque apenas ele pode derrotar Lula, em relação a quem aparece numericamente à frente.

É um argumento de alcance limitadíssimo, que deve sensibilizar apenas quem não precisou de muito esforço para se convencer de que o ex-presidente estaria sendo perseguido – mesmo não estando.