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Camilo vai bancar nome para comando do PT
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Camilo vai bancar nome para comando do PT

Eleição pode reeditar enfrentamento de 2024, entre o ministro da Educação e a ex-prefeita Luizianne Lins, que marcou a escolha do hoje prefeito de Fortaleza Evandro Leitão como candidato da sigla
Tipo Análise
Luizianne Lins e Camillo Santana (Foto: Montagem)
Foto: Montagem Luizianne Lins e Camillo Santana

O ministro Camilo Santana (Educação) deve entrar mais fortemente na corrida pela presidência do PT no Ceará. Ex-governador, o petista indicará nome para postular o diretório estadual, hoje a cargo de Antônio Conin Filho, que não irá tentar recondução na executiva. Caso o cenário se confirme no processo eleitoral, previsto para julho e agora decidido por voto direto dos filiados, o partido pode reeditar um enfrentamento que marcou a escolha do hoje prefeito de Fortaleza Evandro Leitão como candidato da sigla.

Em 2024, mas no âmbito municipal, os grupos da deputada federal Luizianne Lins e do ministro mediram forças internamente, com vitória de Camilo - os demais concorrentes àquela altura, entre eles o deputado Guilherme Sampaio, acabaram por se retirar do pleito na reta final, passando a apoiar Evandro. A preço de hoje, o bloco do ex-governador tenta fechar entendimento com lideranças do petismo com vistas à executiva estadual, como o deputado federal José Guimarães.

A intenção é evitar conflito aberto, mas, se houver composição adversária, assegurar que o representante do "camilismo" saia vencedor sem encarar o susto que LL acabou dando nessa ala quando se colocou como pré-candidata ao Paço.

Luizianne x Camilo

Já na capital cearense, as chances de uma queda de braço entre LL e Camilo são ainda maiores. Como resposta ao chamado "campo de esquerda", criado ano passado por Luizianne e outros atores políticos da agremiação, o conjunto de forças que garantiu o sucesso de Evandro na briga doméstica resolveu formalizar a sua aliança, instituindo também um campo próprio, que começará a atuar organicamente.

Não apenas: o grupo, que aglutina as correntes mais ligadas ao ministro da Educação e ao governador Elmano de Freitas, deve lançar o ex-deputado estadual Antônio Carlos para presidir o PT em Fortaleza. Ex-aliado de LL, Antônio Carlos teria, conforme interlocutores do campo recém-formado, uma maior facilidade no trânsito entre os muitos grupamentos do PT.

Um Chagas mais político

Desde que assumiu a Casa Civil do Abolição, Chagas Vieira tem concentrado uma série de missões, entre as quais a melhoria no fluxo da comunicação palaciana. De uns tempos pra cá, passou também a operar como uma espécie de muro de contenção de Elmano ante as críticas mais duras de opositores, tais como Capitão Wagner (União Brasil) e Roberto Cláudio (PDT).

De fato, há uma divisão informal de tarefas no bojo da qual Chagas teria se encarregado desse primeiro enfrentamento público. Mas o "super-secretário" de Elmano tem ido além, não somente pela frequência com que tem chamado Wagner e RC para a briga, mas por causa da desenvoltura de seus movimentos. Há quem interprete esse gestual como ato preparatório de um projeto mais largo do que apenas a defesa da gestão.

Um Gardel mais governista?

Ex-presidente da Câmara de Fortaleza, Gardel Rolim (PDT) admitiu, durante participação no Debates do Povo (rádio O POVO CBN), que o governador "Elmano é o favorito para ser reeleito no Ceará". De acordo com ele, "estando no governo e no cargo, Elmano é favorito, sim", noves fora eventuais dificuldades com a segurança pública.

Gardel avaliou também achar "pouco provável" que a oposição a Elmano se coesione em 2026. Mais: "Será uma dificuldade encontrar ponto de convergência no meio de atores tão diferentes", numa alusão a RC, Wagner e André Fernandes - a quem apoiou em 2024. Questionado sobre os ataques de Evandro a José Sarto (PDT), o parlamentar respondeu que o "prefeito tem repetido essas críticas, especialmente sobre a situação financeira", acrescentando: "Não tenho procuração para defender a gestão do prefeito Sarto". Em seguida, contudo, argumentou que o "PDT conseguiu realizar muitas ações para a população".

 

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