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Uma marca para o governo Elmano
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Uma marca para o governo Elmano

O Hospital Universitário do Ceará (HUC), pelo seu gigantismo, tende a se impor como signo máximo dos anos petistas mais recentes. Para isso deve colaborar ainda o aporte de R$ 200 milhões que o Ministério da Saúde promete fazer despejar tanto no IJF quanto no Hospital da Mulher
Tipo Opinião
FORTALEZA, CEARÁ,  BRASIL- 19.03.2025: Elmano de Freitas. Lula cem a Fortaleza para inaugurar o HUC - Hospital Universitário do Ceará,  com a presença de Camilo Santana / Elmano de Freitas / Evandro Leitão / Alexandre Padilha. (Foto: Aurélio Alves/OPOVO) (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL- 19.03.2025: Elmano de Freitas. Lula cem a Fortaleza para inaugurar o HUC - Hospital Universitário do Ceará, com a presença de Camilo Santana / Elmano de Freitas / Evandro Leitão / Alexandre Padilha. (Foto: Aurélio Alves/OPOVO)

É possível que o governador Elmano de Freitas tenha finalmente encontrado uma marca para sua gestão, uma imagem-síntese para seus quatro anos de mandato. Embora tenha sido concebido ainda na administração de Camilo Santana, projetado a muitas mãos e sob batuta do então secretário de Saúde, Cabeto, o Hospital Universitário do Ceará (HUC), pelo seu gigantismo, tende a se impor como signo máximo dos anos petistas mais recentes. Para isso deve colaborar ainda o aporte de R$ 200 milhões que o Ministério da Saúde promete fazer despejar tanto no IJF quanto no Hospital da Mulher, cuja construção evoca os governos de outra petista, Luizianne Lins, que venceu a disputa pela reeleição em 2008 com a promessa de conclusão da unidade, entregue em 2012. Tal como a correligionária, de quem foi candidato a sucessor, Elmano pode converter o tema da saúde - o segundo mais importante para o eleitorado, depois de segurança - numa vitrine de sua governança. É uma maneira de compensar os resultados naquele que é o tópico de maior preocupação dos cearenses: a violência. Desse modo, a visita de Lula ao Ceará neste momento tem um peso duplo: localmente, por deslocar a discussão para um segmento no qual o Abolição tem o que mostrar; e nacionalmente, por associar o presidente a uma agenda positiva depois de tantos reveses e de uma crise de popularidade até aqui não contida.

Os holofotes no governador

Não há dúvida de que o evento dessa quarta tinha o propósito de concentrar holofotes sobre o governador, que não precisou dividir o palco com outras lideranças que costumam frequentar essas ocasiões. É o caso dos deputados Eunício Oliveira (MDB) e José Guimarães (PT), ambos cotados para o Senado - sobre quem Lula chegou a dizer, em entrevista exclusiva ao O POVO, que terão "papel importante" no pleito do ano que vem. A exceção foi o ministro Camilo Santana, fiador da candidatura de Elmano em 2022 e líder do grupo governista. A dúvida agora é se o alto investimento (financeiro e político) no setor da saúde do Ceará por parte das forças de sustentação do governador terá retorno à altura das expectativas, ou seja, se o eleitorado vai entender que a gestão operou mudança significativa na área, como assinalou o ministro Alexandre Padilha, para quem há um antes e um depois do hospital. Noutras palavras, se se traduz em dividendos nas urnas.

Sarto: a culpa é do PT

No curso da campanha de 2024, então candidato a novo mandato, José Sarto (PDT) teve de amargar um mantra que o castigou do início ao fim do primeiro turno e cujo objetivo era atribuir ao gestor a culpa por tudo de negativo que havia na cidade. De volta ao cenário após período sabático de alguns meses, o pedetista tem recorrido ao mesmo estratagema, agora depositando no PT o ônus do que há de reprovável por toda parte. E, pela frequência com que tem se manifestado nas redes, Sarto vem gostando do novo papel de que se incumbiu - antes vitrine, agora é pedra, que se soma a outros nomes da oposição, inclusive André Fernandes (PL), nêmesis do pedetista. Do lado de lá, porém, o bloco encontra uma defesa armada pelo Abolição, de modo a blindar Elmano. Livre de fazer esse combate, o petista se dedica ao governo, enquanto aliados se encarregam da réplica ao ex-prefeito.

Camilo e o "caos"

Um exemplo mais enfático disso foi a declaração do ministro Camilo ontem, durante a visita de Lula ao estado para inaugurar o hospital. Nela, o chefe do MEC disse que os adversários "estavam torcendo para que nós não pudéssemos abrir esse hospital, e eu quero dizer a eles que, enquanto eles estão mentindo nas redes sociais, nós estamos trabalhando pelo povo cearense". O trecho, obviamente, tem destinatário certo: Sarto, Roberto Cláudio e Capitão Wagner (União Brasil).

 

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