Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Em agenda nesta quinta-feira, 27, o deputado Carmelo Neto (PL) recebeu o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) e o prefeito de Juazeiro, Glêdson Bezerra (Podemos). O PL está dividido em relação a 2026. Há um grupo disposto a ceder a "cabeça" do bloco em troca de apoio a uma candidatura ao Senado
Foto: Guilherme Gonsalves/O POVO
O ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT) ao lado do deputado Carmelo Neto (PL)
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A oposição ao governador Elmano de Freitas (PT) tem avançado na costura de um palanque único para 2026, a despeito das dificuldades que possam existir para essa articulação. Exemplo disso foi a conversa entre o deputado estadual e dirigente do PL Carmelo Neto e o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (ainda no PDT).
Em agenda nessa quinta, 27, as duas lideranças, às quais se somou ainda o prefeito de Juazeiro Glêdson Bezerra (Podemos), projetaram a composição de uma chapa para entrar na briga pelo Governo do Estado ano que vem. Sem André Fernandes (PL) à mesa, Carmelo abriu portas para um entendimento. O deputado não está sozinho.
A preço de hoje, há um setor do PL disposto a ceder a "cabeça" do bloco em troca de apoio a uma candidatura ao Senado, com nome por se definir. Entre esses parlamentares, estariam a deputada estadual Silvana Oliveira, a vereadora Priscila Costa, o deputado federal Jaziel Pereira e o próprio Carmelo.
Os empecilhos para que uma aliança do tipo avance no Ceará se resumem a um: Fernandes, cuja posição tem sido a de postular candidatura própria da legenda tanto para o Abolição quanto para a senatorial.
Carmelo x Fernandes
Daí que o café da manhã entre Carmelo, RC e Glêdson tenha sido também um drible em André Fernandes, que vem evitando qualquer encontro com potenciais aliados para discutir o pleito que se aproxima. Uma rodada foi até costurada por Capitão Wagner (União Brasil) meses atrás, mas sem sucesso exatamente porque o deputado federal e ex-candidato à Prefeitura de Fortaleza fez ouvidos moucos aos apelos dos apoiadores - tanto RC quanto Wagner estiveram ao lado de Fernandes na disputa de 2º turno contra Evandro Leitão (PT) na capital cearense.
Como se sabe, todavia, Carmelo e o correligionário mantêm rusgas insanáveis desde algum tempo, por razões mal explicadas. Internamente, os dois jovens bolsonaristas se acotovelam muitas vezes nessa peleja por espaço político. Foi o que se viu agora, com a clara sinalização de Carmelo de que deve assumir protagonismo nos processos de definição de candidato do PL em 2026.
O futuro de RC
À coluna, Roberto Cláudio avaliou que as tratativas com Carmelo e Glêdson (virtual vice para o Governo?) foram "boas" e que os assuntos apreciados pelo trio dizem respeito à "organização da oposição e à construção de um palanque único das oposições em 2026 aqui no Ceará". Ou seja, trata-se de acerto em andamento, ainda com inúmeras etapas a serem cumpridas, é verdade, mas desde já com a intenção expressa de coesionar a ala anti-PT numa chapa para a eleição, seja com que postulante for.
A um ano do período de desincompatibilização, no entanto, há mais lacunas do que certezas do lado oposicionista. Primeiro, quem estaria mais habilitado a representar o grupo? Segundo: em caso de escolha de RC, ele seria candidato pelo PDT ou por outra sigla, tal como União Brasil? Finalmente: André Fernandes deve/pode criar embaraços para uma composição assim?
PSDB na base do governador?
Dirigente interino do PSDB no Ceará desde a saída de Élcio Batista, o prefeito Ozires Pontes, de Massapê, mostrou-se entusiasmado com a possibilidade de que o presidente da Assembleia, deputado Romeu Aldigueri, saia como candidato a uma vaga no Senado em 2026.
"Já pensou, senador Romeu? É possível, sim", escreveu o tucano nas redes, em comentário a uma foto na qual aparecem Romeu e Luiz Pontes, ex-senador e pai de Ozires. Ex-PDT, o chefe do Legislativo estadual migrou recentemente para o PSB, partido de Cid Gomes e Eudoro Santana, pai de Camilo - adversário do PSDB nas eleições de 2022. A ver como o ex-senador Tasso Jereissati deve reagir.
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