Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Há quem diga que essa profusão de nomes é indicativo de força da base. É possível, no entanto, que se dê também a leitura contrária
Foto: Thays Maria Salles
LUIZIANNE Lins é lançada pré-candidata à senadora pelo Campo de Esquerda do PT
Da plêiade de cotados para o Senado no bloco governista, os mais recentes são Mauro Filho (PDT) e Luizianne Lins (PT), ambos deputados federais. Mas há outros na fila. A contar: os também deputados Eunício Oliveira (MDB), José Guimarães (PT) e Júnior Mano (PSB), o senador Cid Gomes (PSB), o presidente da Assembleia Romeu Aldigueri (PSB), o dirigente Chiquinho Feitosa (Republicanos) e, por fim, Chagas Vieira, braço-direito de Elmano de Freitas.
Há quem diga que essa profusão de nomes é indicativo de força da base. É possível, no entanto, que se dê também a leitura contrária, ou seja, o fato de que a cada dois ou três dias alguém se sinta à vontade para se lançar numa disputa majoritária signifique não uma fortaleza, mas um sinal de que o arco de sustentação tem fissuras que podem eventualmente se ampliar, seja por falta de habilidade nas costuras, seja porque alguns interesses são incompatíveis, seja porque não há cadeiras suficientes para todos.
Trunfo e ponto fraco
Cada um desses quadros do governismo detém ao menos um ponto forte nesse BBB do Senado. Começando de trás para a frente pela ordem dos citados: de todos eles, Chagas é o mais próximo do ministro Camilo Santana, nisso residindo sua carta-curinga para um pleito que não é proporcional - logo, suas chances estariam mais nas mãos do padrinho do que nas próprias.
Chiquinho, além de chefiar uma legenda aliada importante, está na fila de espera já há uma eleição. Aldigueri é o comandante do Legislativo estadual, que se converteu em trampolim de candidatos a voos mais ambiciosos desde que Roberto Cláudio, José Sarto e Evandro Leitão foram catapultados da presidência à Prefeitura em sequência. Mano tem as credencias de Cid a apresentar - mais o sem número de prefeitos arregimentados Interior adentro, quer por simpatia ou por outras razões.
Guimarães é politicamente o mais competitivo do grupo, combinando tanto influência interna no PT quanto externa, pelos vínculos com Lula, de quem é líder na Câmara. Eunício, por seu turno, teria o apoio apalavrado de Camilo, cujo capital eleitoral no Ceará supera o de Lula e Elmano. Por fora, Luizianne e Mauro podem se viabilizar na esteira de uma queda de braço fratricida, que tende tanto a consagrar quanto inviabilizar alguns pretendentes.
Para o governador, claro, interessa que essa gincana, muito parecida com aquela adotada pelo PDT cujos resultados não foram tão bem-sucedidos, não degenere em batalha doméstica, a ponto de comprometer a coesão da chapa numa eleição que se mostra desafiadora se se considerar que o cenário nacional é um fator mais volátil do que o local.
De sorte que, a depender do desenho das nuvens para 2026, o chefe do Abolição pode ter mais ou menos dificuldades para se reconduzir - o que sugere que não é totalmente verdadeira a projeção de Elmano segundo a qual a oposição chegará enfraquecida ano que vem, mas sobre isso eu falo amanhã.
O fim da "era de Acquário"
A assinatura da ordem de serviços do campus Iracema, da UFC, demarca oficialmente o fim da "era de Acquário", sob a regência não dos astros, mas das gestões do então governador Cid e depois de Camilo, a quem coube fechar a torneira de recursos públicos que jorraram para as instalações do equipamento sem que se visse um único tucunaré ou uma tilápia a nadar nos seus tanques.
O evento que firmou ontem a transição estabelece de vez o compromisso de destinação do "esqueleto" a fins acadêmicos - resta torcer para que a verba federal e estadual anunciada seja de fato alocada na obra em tempo hábil, e não em uma década ou mais, como é de praxe acontecer.
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