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Novos médicos quase sem plantões e sem trabalho
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Jornalista e bacharel em Comunicação Social e Direito

Novos médicos quase sem plantões e sem trabalho

A situação tende a piorar, porquanto falta ao Brasil uma política de temporariamente suspender ofertas de cursos universitários em que há nítido excesso de profissionais
Tipo Opinião
Alunos da rede pública de educação do Ceará aprovados em Medicina conversaram com governador Elmano de Freitas           (Foto: Divulgação / Carlos Gibaja / Casa Civil)
Foto: Divulgação / Carlos Gibaja / Casa Civil Alunos da rede pública de educação do Ceará aprovados em Medicina conversaram com governador Elmano de Freitas

O ano de 2025 pode entrar para a história da medicina no Ceará, e em outros estados, como um marco em que médicos recém-formados encontram dificuldades para obter vaga no serviço público, particular e em plantões, que sempre foram a porta aberta de para esses profissionais.

Para os novos médicos, a frase repetida, por professores ou colegas formados, era "comece por plantões, já vai ganhando um dinheirinho", ou "Prefeituras do interior estão procurando médicos".

Quem recebeu o diploma em dezembro e em janeiro deste ano já encontrou realidade diferente, pelo menos no Centro-Sul e Sul cearenses. O programa Mais Médico, iniciativa do governo federal, promove seleção para os profissionais ocuparem vagas nas unidades básicas de saúde, limitando a tradicional indicação livre e política dos gestores.

No Brasil, cerca de 45 mil médicos são formados por ano e, no Ceará, a estimativa é de 1.100 profissionais em 19 faculdades, 15 delas no interior, revelando interiorização do ensino de Medicina, que até pouco tempo estava restrito a Fortaleza. E, mais posteriormente, aos dois núcleos urbanos mais desenvolvidos do sertão cearense, Sobral e Juazeiro do Norte.

A tendência de abertura de mais cursos de Medicina segue livre. É a busca do lucro por instituições mais empresariais do que educacionais. Resumo do quadro clínico: começa a sobrar médicos e faltam vagas. O remédio apontado é a busca de especialização, por meio de cursos de residência ou especialidades rápidas.

Na capital, essa realidade parece ocorrer há algum tempo, daí a explosão das chamadas clínicas populares, que não se limitam mais a psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas e dentistas.

No interior, as clínicas populares, em espaços de laboratórios ou em salas comerciais, começam a aparecer, com ofertas de exames e de consultas a preços diferenciados, em que pese a falta de qualidade na maioria das vezes.

A situação tende a piorar, porquanto falta ao Brasil uma política de temporariamente suspender ofertas de cursos universitários em que há nítido excesso de profissionais. Diagnóstico final: jovens desempregados, tristes, ansiosos, pais preocupados e todos angustiados.

 

Foto do Honório Bezerra Barbosa

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