Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Ser vítima de violência sexual é, de certo modo, nunca mais ter paz. Quando seu corpo é violado, há algo que se quebra dentro de você que nunca mais é restaurado; uma parte do brilho no olhar que é ofuscado e, ainda que a terapia seja indicada e necessária, ela não é capaz de desfazer o mal que esse crime traz como consequência. Para o abusador, a mancha não é a mesma.
Ainda que condenado, Daniel Alves saiu da prisão na Espanha ontem (25/3), de cabeça erguida, demonstrando um orgulho ainda que silencioso de poder estar fora das grades de uma prisão. Não havia em seu olhar — como nunca teve em seu discurso — vergonha pela acusação e condenação. Não havia sequer qualquer ponta de timidez por ter pago por uma versão limitada da própria liberdade. E assim a vida segue.
Com uma fortuna avaliada em R$ 300 milhões de acordo com o jornal O Globo, o ex-atleta poderá lidar com um linchamento virtual — que some a partir do momento em que você se distancia das redes sociais — do conforto da sua casa, usufruindo das próprias riquezas, enquanto a vítima segue, de acordo com testemunhas do caso, tendo que se medicar e viver um dia de cada vez, com medo de pisar na calçada até da própria rua em que mora.
Quando deixa isso acontecer, a Justiça Espanhola dá um recado terrível ao mundo de que um estupro tem um preço: para pessoas ricas, pessoas pobres e para a vítima. E quem mais sai perdendo é essa última.
Em alguns anos, Daniel Alves pode conseguir algo mais por "bom comportamento" e nesse meio machista do futebol não há nada que impeça que ele volte a ocupar um cargo dentro de um clube, o que voltaria a colocá-lo publicamente em posição de idolatria de outras pessoas em caso de êxitos.
Já a mulher que teve seu corpo violado, de certo modo, nunca mais poderá usufruir 100% da própria liberdade. Não há limitação de 1 quilômetro de distância do abusado que a deixe em paz, e foi por esse motivo, inclusive, que ela se negou a um acordo financeiro, forçado muitas vezes pela defesa do denunciado, durante todo o processo.
A Justiça Espanhola viu, no entanto, uma oportunidade de precificar o caso. E por conta de 1 milhão de euros, a vítima terá que, no futuro, ser só mais uma mulher que, apesar de ter conseguido provar o que passou por conta dos protocolos do país, tem que lidar com a violência pelo qual seu corpo passou vendo que isso tudo só valeu para o seu abusador uma parte de sua extensa fortuna.
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