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Cuidados com as palavras
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Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil

Iara Costa esportes

Cuidados com as palavras

Técnico argentino, atualmente sob o comando do Vasco, criticou o fato de uma mulher ter que decidir algo no VAR, ferramenta que é operada por, pelo menos, quatro profissionais
Tipo Opinião
Ramón Diáz lamenta público do clássico e pênalti não marcado: 'Foi claro' (Foto: OneFootball - Nacional)
Foto: OneFootball - Nacional Ramón Diáz lamenta público do clássico e pênalti não marcado: 'Foi claro'

No jornalismo, somos ensinados desde cedo sobre os cuidados com as palavras. Principal ferramenta de comunicação, cada emaranhado de letras junto a outro pode dar ao receptor da mensagem diferentes percepções sobre o que se quer ser falado e gerar o famoso ruído de comunicação. Nas instituições de ensino, somos intimados a evitá-lo a qualquer custo.

Na tradução entre um e outro idioma, é comum que alguns deslizes nesse sentido sejam, infelizmente, cometidos. Do espanhol para o português, por exemplo, a pesada palavra "molestar" tem diferentes significados, o que pode complicar a vida de quem usa o famoso portunhol, a depender do contexto do que se é falado. Nos diferentes idiomas, entretanto, há palavras e mensagens que não mudam, apesar da existência dos falsos cognatos. 

Ao comentar de maneira crítica o trabalho de Daiane Muniz, responsável por parte da arbitragem de vídeo do jogo contra o Grêmio, o técnico do Vasco, Ramón Diaz, foi machista. Não há contexto no mundo que justifique pesar as palavras em cima de uma única profissional, alegando "é complicado que no VAR quem tenha que decidir seja uma mulher" porque "o futebol é dinâmico, com ações rápidas".

Primeiro porque, por sobrevivência, mulheres são mais detalhistas que homens. Segundo porque a tecnologia da arbitragem de vídeo, conforme escalação do próprio site da CBF, é acompanhada por, pelo menos, quatro profissionais.

Na noite em que viu o Vasco vencer o Grêmio, por exemplo, Daiane Muniz estava acompanhada de Fabricio Porfirio como "AVAR", Alisson Sidnei como "Assistente de Árbitro de Vídeo 2" e Giulliano Bozzano como "Observador do VAR".

Por que, então, Ramón Díaz viu a necessidade de, após o jogo contra o Bragantino, criticar uma profissional que não atuou sozinha em um jogo anterior, em que o Vasco, inclusive, venceu?

De todos os males desse momento, pelo menos o Vasco da Gama teve a decência de não passar pano para o próprio profissional, ressaltando em nota "o compromisso de reforçar as medidas e diretrizes educativas necessárias em acordo com suas determinações, valores e princípios". Em um meio que faz tão pouco, e após um momento tão lamentável, é preciso se aplaudir o mínimo. 

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