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Desigualdade no futebol feminino: onde os benefícios se encaixam?
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Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil

Iara Costa esportes

Desigualdade no futebol feminino: onde os benefícios se encaixam?

Futebol feminino brasileiro vive de enredos de desigualdade mesmo estando em etapa mais avançada no país que outrora
Tipo Opinião
Seleção brasileira de futebol feminino encara a Espanha na semifinal da Olimpíada de Paris (Foto: ROMAIN PERROCHEAU / AFP)
Foto: ROMAIN PERROCHEAU / AFP Seleção brasileira de futebol feminino encara a Espanha na semifinal da Olimpíada de Paris

Muito se falou sobre o legado da medalha de prata da seleção nas Olimpíadas de Paris-2024 para o futebol feminino e, de fato, a conquista é de alto valor para a modalidade. A maior valorização de jogadoras, clubes e campeonatos deve ocorrer, mas isso não anula um problema que vem crescendo e, vez ou outra, estoura em algum lugar do país: a desigualdade de situações entre os times.

Reflexo de um País também desigual, o futebol feminino não foge do enredo de desequilíbrio de receitas que já existe na modalidade em geral e, por consequência, de distintas realidades entre os times. Enquanto temos alguns florescendo, especialmente no eixo Sul-Sudeste, com paulistas, mineiros e gaúchos ocupando as primeiras posições do Brasileirão Feminino A1, outros vivem situações precárias, como é o caso do Cuiabá.

Enquanto a equipe masculina, ainda que na lanterna, disputa o Brasileirão sem problemas financeiros e administrativos, o time feminino sofre pelo mínimo, de acordo com denúncia do portal Dibradoras. Jogando com um número mínimo de atletas no torneio matogrossense da modalidade, as jogadoras são submetidas a falta de estrutura, insegurança nos alojamentos e até mesmo ameaças, de acordo com a reportagem. O clube se isentou de opinar os apontamentos do site.

A realidade não é tão distante da de outros times de outros estados. Volta e meia, a denúncia da situação esdrúxula de clubes com jogadoras e comissões técnicas femininas são expostas e basta uma busca no Google com as palavras-chaves "jogadora denuncia situação precária time" para que se encontre matérias recentes sobre clubes de Manaus e de grandes times, como Atlético-MG e Vasco. 

Quando uma conquista como uma medalha de Olimpíada é alcançada, o feito deve ser celebrado, mas o questionamento também deve ser feito: até onde os benefícios desse tipo de visibilidade alcança, e até onde eles vão? Se não se cria uma cadeia que fortifique todas as camadas de uma pirâmide, ela vai se tornar cada vez mais desequilibrada.

E como uma modalidade que luta por equidade, o futebol feminino deveria abolir esse tipo de desigualdade, e não incentivá-lo. Caso contrário, a modalidade vai se tornar apenas mais um lugar onde os grandes tem tudo e os pequenos nem o básico tem, ganhando a mesma face daquilo que jurou nunca ser: um ambiente desequilibrado e injusto. 

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