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Temos espaço no futebol, mas somos bem-vindas?
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Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil

Iara Costa esportes

Temos espaço no futebol, mas somos bem-vindas?

Futebol já é mais ocupado por mulheres que décadas atrás, mas ainda não é receptivo com quem não é homem
Tipo Opinião
Abel Ferreira durante jogo do Palmeiras. (Foto: Nelson Almeida / AFP)
Foto: Nelson Almeida / AFP Abel Ferreira durante jogo do Palmeiras.

O número de torcedoras e jornalistas mulheres dentro de um estádio de futebol no Brasil só cresce, a cada ano. Diferentemente de décadas atrás, o espaço hoje é maior para a pluralidade dentro do esporte bretão, mas nem tudo são flores. Toda mulher que vive de ou no futebol sabe que ainda há muito ódio acerca da presença de minorias nesse ambiente.

Além de termos que enfrentar assédio e importunações, há ainda a ignorância gratuita de muitos homens prestadores de serviço nesse meio, como foi o caso do técnico português do Palmeiras, Abel Ferreira.

Em uma pergunta feita pela jornalista Alinne Fanelli, da Band News, sobre o estado de saúde do jogador Mayke — algo que é de praxe em coletivas, já que, muitas vezes, as assessorias dos clubes não revelam detalhes sobre a situação médica dos atletas —, o intocável treinador respondeu, com certa grosseria, que só devia explicações a três mulheres na vida dele: duas parentes e sua atual chefe, a presidente alviverde Leila Pereira.

Depois da repercussão negativa da histeria machista, o profissional se reduziu a ligar privadamente para a comunicadora, após o episódio de constrangimento em público, e a escrever uma nota, onde, ao final, lembrava de ter elogiado uma mulher — a chefe dele, Leila Pereira — na mesma coletiva em que desrespeitou a profissional, assim como fazem os racistas quando são racistas e lembram publicamente que possuem amigos pretos.  

Tudo no comportamento de Abel, do início ao fim do episódio, só reverbera o quanto nós, mulheres, ainda não somos bem-vindas no meio futebolístico. Ainda que a própria chefe dele tente incentivar a maior presença feminina no ambiente e que o cenário seja mais positivo que outrora, não somos bem tratadas e sempre tratadas como um peixe fora do mar que merece se afogar.

Ele, um homem branco, pode dar ataque contra mulheres, se enfurecer mais que o normal e desrespeitar outros profissionais na beira de campo, que segue em uma ampla posição de privilégios, assim como tantos outros homens brancos do meio futebolístico. Quando isso irá mudar? O que precisamos fazer para que isso seja mudado?

Agosto Lilás

Tanto Ceará quanto Fortaleza executaram ações em alusão ao Agosto Lilás nos últimos jogos na Arena Castelão, lembrando aos seus torcedores e espectadores a importância da luta contra a violência doméstica e familiar contra a mulher. É sempre louvável quando os clubes lembram que podem exercer um papel social e executam isso. 

Para além dos clubes, seria importante que outros órgãos responsáveis como futebol e por equipamentos esportivos também lembrassem de tornar o estádio um lugar mais acolhedor para a mulher, para que o exemplo da campanha ocorresse de dentro do Gigante da Boa Vista para fora. 

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