Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
O Ceará viveu um final de semana memorável, e não somente pelo acesso conquistado pelo time profissional masculino. Pelo futebol feminino, mesmo desacreditadas e com uma campanha tímida, as Alvinegras levaram a melhor diante do Fortaleza e, com uma vitória por 1 a 0, com gol de Helena, chegaram ao pentacampeonato estadual.
O título teve uma força maior que outrora, pela maneira como foi conquistado. O time começou o ano com a desistência turbulenta do Brasileirão Feminino A2 e, no Estadual, mesmo comandado por Erivelton, estava longe de ser o favorito frente ao time tricolor, que tinha distribuído grandes goleadas e vencido o rival em duas ocasiões por 3 a 0. Mesmo assim, as Alvinegras souberam ler o jogo proposto pelo Fortaleza na final e se superar nos 90 minutos. Mérito total do grupo de Porangabuçu.
Uma pena que, mais uma vez, mesmo com um enredo bonito e um jogo disputado, o Campeonato Cearense Feminino siga ocorrendo para as mesmas pessoas de sempre, as poucas que parecem se importar com a modalidade. A olho nu, a impressão que me ficou no estádio Presidente Vargas era que se tratava do mesmo número de pessoas que, por exemplo, esteve na final de 2022. É triste não ver esse público evoluir.
Não culpo aqui os torcedores. Em um país em que uma modalidade tem 100 anos mais que a outra, é preciso de um estímulo para que o torcedor realmente se disponha a sair de casa para acompanhar o futebol feminino, ainda que as jogadoras que entrem em campo honrem da mesma maneira — e, muitas vezes, até mais que os jogadores — os clubes que defendem.
Falta da parte dos clubes e da imprensa — seja ela tradicional ou independente — um maior estímulo para que o torcedor se aproxime da modalidade. Caso contrário, ficaremos sempre nesse ciclo vicioso em que poucas as pessoas se importam de fato com a modalidade e reclamam da displicência dos times com isso, os times se incomodam com esse tipo de discurso, mas não fazem nada realmente efetivo para mudar.
A mudança não é tão simples de ocorrer. Não vai ser de uma hora para outra que um estádio vai ficar cheio de pessoas para acompanhar um Clássico-Rainha. Mas se os clubes continuarem com a postura de tratar uma final e um título como algo à parte, essa hora não vai chegar nunca, e o futebol feminino vai ser sempre o que parece ser hoje para alguns times: um incômodo.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.