Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Em meio a uma premiação recheada de atletas do grande futebol feminino paulista, a revelação do Bola de Prata do Brasileirão Feminino A1 é uma jogadora nordestina. Letícia Monteiro, de 22 anos, é baiana e camisa 10 do Internacional-RS, com quem possui contrato até dezembro de 2025. Ela se destacou no certame nacional após, com seis gols marcados, ajudar a recuperação do Colorado no torneio, no qual terminou no G-8 após uma ascensão direto da zona de rebaixamento.
Apesar da pouca idade, Letícia já tem "cancha" no futebol, mas em entrevista exclusiva à coluna, que viajou para o evento à convite da ESPN, lamentou que suas passagens por clubes do Norte e Nordeste não incluam nenhum time da sua terra natal, a Bahia.
A conversa era exatamente sobre as oportunidades dadas às jogadoras de futebol e toda a indiferença do Nordeste com a modalidade em meio à evolução do futebol feminino no Sul e no Sudeste. A camisa 10 exaltou as chances que recebeu na carreira até aqui, que creditou aos clubes por onde passou — incluindo o Fortaleza, em 2021 —, mas também lamentou que ainda não enxergue oportunidades palpáveis sendo criadas, como a criação de peneiras e artifícios para identificar talentos locais.
"Todas as oportunidades que eu tive foram através de pessoas me indicando, não tirando meu talento, e todas elas moram no Nordeste. O Fortaleza e todos os clubes que eu passei na Paraíba tiveram uma importância muito grande para eu me tornar quem eu sou hoje. Sobre a disparidade, não tem como comparar. Na questão de investimento, estrutura, como eu falo, eu sou da Bahia e nunca joguei na Bahia porque as oportunidades são ainda menores. Você não vê peneiras. Não tô dizendo que tá tudo ruim, houve evolução, temos bons campeonatos, disputados, mas falta interesse das pessoas que estão acima", frisou ela.
Apesar da recente criação do Leoas do Futuro, projeto do Fortaleza que visa angariar talentos locais para o projeto, Letícia não poderia estar mais certa, principalmente no que diz ao interesse de pessoas acima do futebol. A fala dela foi, inclusive, corroborada por Marta — maior nome da história da modalidade —, também presente à premiação. Ao ser questionada sobre o assunto pela coluna, ela salientou que os clubes precisam ter mais paciência com o investimento na modalidade para não acabar "descontando" nos times femininos os percalços dos grupos masculinos.
"Não adianta dizer que vai investir em futebol feminino e em um ano ou dois você querer ter um retorno praticamente o dobro do que investiu. E tem que ser algo que você ame também, precisa gostar, pois se não gostar vai acontecer o que aconteceu com outros clubes que quando o masculino vai mal sobra pro feminino que é uma parte muito menor no clube", destacou a rainha do futebol.
Quando ela fala — não sou apenas eu, uma mera colunista, a levantar essa discussão —, acredito que valha a reflexão de quem pensa de uma maneira tão limitada. Será que não vale a pena dar ouvidos a uma pessoa tão bem sucedida quanto a Marta?
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