
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
O futebol feminino é um lar onde para nós, mulheres, se habita o conforto de podermos ser quem somos. Em um jogo entre mulheres, seja em campo ou na arquibancada, não há o infortúnio de ser questionada, por exemplo, sobre o motivo pelo qual gostamos do esporte bretão ou por que admiramos uma atleta específica. Podemos apenas existir e ser torcedora que é o que nós mulheres sempre sonhamos dentro do universo futebolístico.
Mas o futebol feminino não é um paraíso. Para além das desigualdades salariais e de todo um machismo estrutural que ainda permeia o meio, com o fato de que são homens dirigentes que decidem o futuro de jogadoras, por exemplo, e e estão no topo da pirâmide, ainda há preconceitos a serem enfrentados. Nessa Brasil Ladies Cup isso ficou bem claro com os casos ocorridos de racismo e xenofobia.
O primeiro lamentável episódio ocorreu na vitória do Bahia diante do Avaí Kindermann, quando, em um momento que o time baiano valorizava a posse de bola para segurar a vitória de 2 a 1, o narrador da transmissão do canal do Youtube Goat classificou o momento como "aquela preguiça baiana pra valorizar a bola, deixar o tempo passar".
Se fosse qualquer outro time de futebol de outro estado, a fala repudiável não seria utilizada. Poderia até ocorrer de o narrador achar positivo que um clube com projeto novo da modalidade conseguisse desenhar a partida à sua maneira diante de outro bem mais tradicional. Não foi o que ocorreu, pois sempre parece mais agradável a alguns classificar nordestinos de uma maneira estereotipada e xenofóbica.
E como se não bastasse, ainda há quatro jogadoras argentinas presas em São Paulo pelo crime de racismo contra gandulas e jogadoras do Grêmio. Também no Brasil Ladies Cup, as atletas do River Plate foram acusadas de imitar um macaco para um dos gandulas do jogo e de chamar as adversárias gaúchas de "macaca" e "negrita". O clube, claro, foi posteriormente expulso e banido do torneio, ainda que por apenas dois anos.
Os episódios mostram que, ainda que o futebol feminino seja um ambiente acolhedor para mulheres e pessoas LGBTQIAP+, ele não é imune a outros tipos de preconceito enraizados em nossa sociedade. É um universo em que mudanças ainda devem ocorrer e que a vigília deve ser constante para que as opressões que nós mulheres tanto combatemos no futebol masculino e na sociedade em geral não seja reproduzida.
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