Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Com diferentes personagens, um filme já reproduzido no futebol cearense se repete, desta vez em terras paranaense. Após o rebaixamento da equipe masculina do Athletico-PR, a primeira coisa que a diretoria do Furacão fez foi romper com o time feminino sem aviso prévio para as jogadoras que, assim como o caso do Ceará em 2024, ficaram sabendo que estariam desempregadas na temporada por meio da imprensa.
A prática, infelizmente, tem sido comum no Brasil. O Ceará não foi o primeiro time a fazer isso e o Athletico-PR não será o último. Sempre que uma equipe ou uma diretoria desinteressada no futebol feminino se encontra a mercê da falta de capacidade do time masculino em se manter na Série A, a primeira atitude que se toma é abrir mão do grupo feminino. As mesmas alegações são repetidas, como não obrigatoriedade e falta de recursos, mesmo que uma pessoa ou outra tente ou queira lutar para correr atrás de patrocínio e manter o projeto de pé. Lamentavelmente, uma andorinha só não faz verão e assim o problema segue a se repetir no Brasil.
Como, no entanto, a CBF — que se prepara para receber a Copa do Mundo Feminina de 2027 — pretende fomentar o crescimento da modalidade se, em pleno 2025, essa farra de desistência segue ocorrendo, com centenas de pessoas envolvidas com o futebol feminino sendo prejudicadas, e nada acontece? Afinal, como esses clubes desistem das competições antes das inscrições para os torneios, eles não são punidos por regra da própria instituição. Mas até quando isso será assim?
Se a maior instituição de futebol não passar rápido a exigir que equipes da Série B também tenham projetos do futebol feminino — ainda que menores pela grande diferença de recursos entre uma divisão e outra —, ano após ano veremos mulheres atletas e pessoas envolvidas com tais projetos sendo penalizadas por um erro que não é delas. E nesses moldes, não adiantará aumentar o número de vagas da Série A1, da Série A2 ou mesmo criar uma Copa do Brasil da modalidade. A desigualdade seguirá existindo se os clubes acharem que podem fazer o que quiserem, a hora que quiserem, sem dar uma mínima sequência a um projeto ou sem sequer dar uma explicação ou ser penalizado por tamanha irresponsabilidade.
Manter os clubes livres para desistirem do futebol feminino a hora que quiserem será pior que varrer a sujeira para debaixo do tapete. Porque a sujeira ainda demora a reaparecer. É mais como um elefante no meio da sala: um problema que pode despertar e prejudicar qualquer pessoa, a qualquer momento, ainda que muitos finjam ignorar.
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