"Quem dera ser um meme": a busca pela viralização nas eleições
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É editor digital de Política do O POVO e apresentador do programa Jogo Político, interessado no mundo do poder, seus bastidores e reflexos sobre a sociedade. Entende a política como algo que precisa ser incorporado e discutido por todos. Já foi repórter de Política e também editor da rádio O POVO CBN.
"Quem dera ser um meme": a busca pela viralização nas eleições
Ao contrário do que pensam alguns apocalípticos, os "memes" são, sim, válidos. Não se trata do fim da política, mas de uma transformação que, obviamente, não deve abrir mão do uso de métodos tradicionais
O início do processo eleitoral de 2024 nos coloca diante de um fenômeno relativamente novo e ao mesmo tempo curioso: a busca quase incessante de alguns candidatos por "viralizar", esse verbo cada vez mais presente na nossa sociedade hiperconectada/imagética. E é claro que o campo da política não poderia ficar fora dessa. O objetivo parece bem claro: fazer do humor, aliado à força da Internet e suas redes, uma ferramenta de exposição e aproximação com diversas camadas da população, especialmente as mais jovens. E se tem um País que tornou especialista na produção dos chamados "memes", esse é o Brasil.
Nossa indústria criativa não vê limites, usando como matéria-prima desde assuntos dos mais complexos até aqueles do nosso cotidiano, inundando as plataformas com vídeos ou figurinhas que arrancam boas gargalhadas nos momentos mais inesperados. E é exatamente aí que reside o segredo do sucesso: tudo surge de forma muito natural, despretensiosa. É fácil perceber quando alguém tenta forçar conteúdos do tipo. O que era pra ser engraçado acaba virando uma grande vergonha alheia. Um tom a mais ou uma frase mal colocada pode transformar todo um esforço de marketing em um retumbante fracasso.
Por isso o cuidado que políticos precisam ter para que o tiro não saia pela culatra. Não vejo problemas em se querer humanizar perfis que, no senso comum, são tidos como sisudos, demasiadamente sérios. De fato, nem tudo precisa ser tão cinza, chato e carrancudo. Dá, sim, para atuar no mundo do poder de forma mais leve, descontraída e humanizada. Um exemplo disso acontece com o prefeito do Recife João Campos (PSB), modelo exitoso de como é possível fazer bom uso das redes sociais para comunicar os feitos e projetos do governo e, consequentemente, ampliar a popularidade do gestor de plantão. Não se trata apenas do "meme pelo meme", de fazer "palhaçadinhas" de forma aleatória.
Tudo se encaixa dentro de uma estratégia muito bem calculada que não torne um momento espontâneo em constrangimento. E o mais importante: não é porque deu certo com Campos que vai dar certo com qualquer um. Uma coisa é ele fazendo dancinha no Carnaval de cabelo platinado e óculos juliet. Outra coisa é alguém que nunca teve esse tipo de comportamento, do nada aparecer fazendo "mungango", achando que está arrasando. Pode ficar ridículo e virar motivo de piada. Mira no voto e acerta na rejeição, na antipatia. Não pode ser um vale tudo para ter holofotes e audiência. Algo esvaziado, sem propósito.
É preciso observar o que se adequa melhor a cada perfil, evitando artificialidades e também o uso exagerado desse tipo de recurso. Parcimônia, cautela e bom senso são elementos fundamentais para quem quer apostar nesse modelo de interação. Ao contrário do que pensam alguns apocalípticos, os "memes" são, sim, válidos. Não se trata do fim da política, mas de uma transformação que, obviamente, não deve abrir mão do uso de métodos tradicionais. Reuniões, discursos, formações, tudo isso vai continuar. Mas não custa nada também pensar e atuar "fora da caixinha", afinal, se adequar aos novos tempos, de forma inteligente e eficaz, é quase questão de sobrevivência. É política nas ruas e nas redes, sempre se reinventando.
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