Jornalista, leitora, professora. Criou e faz curadoria das séries A Cozinha do Tempo e Cidade Portátil, dentre outras atividades.
Jornalista, leitora, professora. Criou e faz curadoria das séries A Cozinha do Tempo e Cidade Portátil, dentre outras atividades.
É de cipó de croapé a cestinha no presépio do museu criado há 13 anos pelo professor e escritor Sandro Cidrão em Santana do Cariri. Tem sementes imitando frutas. Maria e José levam também cabacinha com água.
Nossa Senhora, um dos pastores e três dos Reis Magos eram do presépio de Dona Ilza Francisco, Maria Ilza da Silva, o mais bonito da cidade aos olhos do menino Sandro, que nasceu em 1962, três dias depois do dia de São José.
Chico Pezinho, Francisco Agostinho Pereira, fez as miniaturas da Matriz de Senhora Sant´Ana, padroeira do município, e da capela de São Vicente, padroeiro do distrito de Inhumas, onde vive.
Um presépio esculpido em imburana de cambão pelo agricultor e mestre de ofícios de 91 anos está no Espaço Literário Poeta Maranhão, a galeria, livraria e sebo na antiga sede do patronato onde Sandro estudou, na Deputado Furtado Leite, 293-B.
Sandro fez em casa parte do aprendizado de apreciar e montar presépio. Maria da Silva Cidrão (1937-2011) fazia doces e pipoca para venda. E grinalda de noiva, “adereços para Primeira Comunhão e Coroação de Nossa Senhora”. E bolo de aniversário, que o marido confeitava.
Antônio Almenir Cidrão (1927-2019) era agricultor, poeta, santeiro. O presépio da casa da família, em barro, gesso e madeira, tinha também a mão dos filhos Socorrinha, Sandro, Sandruel e Aurimar.
Almenir fazia os novenários na cidade e era chamado para tirar Renovação, como se diz do responsável, por conhecimento e devoção, pela reza do culto doméstico ao Sagrado Coração de Jesus.
De forte presença no Cariri, a presença do Sagrado Coração nas casas é renovada a cada ano, no mesmo dia em que foi entronizada. Festa da fé. Festejo e fartura. Pode ter banda cabaçal e brincantes de outros folguedos.
Com o pai convidado para Renovação, o menino Sandro fez aí também sua descoberta do mundo. Mundos. Foi assim que passou a ver “a cruz que chamava a atenção” no Sítio Oiti, em Inhumas.
Era em memória da menina Benigna Cardoso da Silva (1928-1941). O desenho que Sandro fez dela, um retrato falado, é fonte geradora de imagens da mártir beatificada.
O museu fica na casa onde morou a família de Maria e Almenir, na Duque de Caxias, 420. Sandro, Selma e as filhas Ana Elis e Ana Perla moram na mesma rua, na casa de número 376. Mesa, bancos e cadeiras de casa estão na base do presépio do museu.
Quis saber sobre a cestinha de cipó. Artesania da Serra do Rogério, distrito de Dom Leme. Ouvi mais. O pai contou da lembrancinha para visitantes da primeira filha, que nasceu em 1996: bercinhos de cipó de croapé.
Na terra onde viveram Plácido Cidade Nuvens (1943-2016), criador do Museu de Paleontologia, e Maria Cesarina Lacerda de Souza (1927-2001), fonte das rendeiras das redes de bilro na cidade, Sandro fez nascer o Museu da Memória Histórica Santanense.
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