Jansen Lucas é coordenador de criação no O POVO, publicitário, designer e artista visual. Dedica-se a escrever sobre cultura com foco em produções de quadrinhos, cinema e literatura, explorando as conexões entre arte, narrativa e mídia em seus trabalhos
O debate sobre o uso da inteligência artificial (IA) para substituir profissionais de diversas áreas tem se intensificado e não é segredo. E a precarização do trabalho não é um fenômeno novo
Recentemente, uma nova tendência tomou conta das redes sociais brasileiras: reimaginar momentos icônicos da política nacional como se fossem ilustrações dos Estúdios Ghibli, célebre produtora de animações liderada pelo mestre Hayao Miyazaki.
Que o debate sobre o uso da inteligência artificial (IA) para substituir profissionais de diversas áreas tem se intensificado, não é segredo. E a precarização do trabalho não é um fenômeno novo.
Há quem defenda que essas ferramentas digitais atuam como facilitadoras. No entanto, a realidade mostra que, na primeira oportunidade, até grandes conglomerados, como a Disney, recorrem à IA para reduzir custos — não para facilitar o trabalho de seus funcionários, mas para maximizar seus lucros.
Um exemplo desse cenário foi a abertura da série "Invasão Secreta", original Disney , que foi completamente gerada por IA. Curiosamente, a trama gira em torno de alienígenas que se infiltram na sociedade humana, assumindo suas identidades. Semelhança com o que está acontecendo no mundo da arte? Talvez.
No entanto, a invasão da IA não tem nada de secreta. A popularidade da trend inspirada nos Estúdios Ghibli é um exemplo de como, com apenas alguns comandos, o trabalho intelectual de inúmeros artistas pode ser apropriado e disseminado sem consentimento ou qualquer consequência legal de forma instantânea.
O ilustrador e cartunista Paulo Moreira (@paulomoreirap) resumiu essa realidade em uma de suas tirinhas mais recentes em sua página no instagram: "Se o Estúdio Ghibli ninguém respeita mais, imagine eu, que sou um "ninguém". A reflexão é alarmante, mas verdadeira. A regulamentação do uso da IA na arte e em outras áreas criativas é uma necessidade urgente.
Se não encararmos essa questão com responsabilidade, não serão apenas ilustradores que perderão espaço no mercado, mas também designers, fotógrafos, jornalistas e muitos outros profissionais. Como eu, você, caro leitor. Trabalhadores que, para alguns, são vistos apenas como peças descartáveis em um tabuleiro onde o lucro fala mais alto que a ética.
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