Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
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A abertura da 15ª Cúpula dos Brics marca o início de uma série de encontros de alto nível estratégicos para o Brasil ao longo das próximas semanas. Além da reunião do grupo dos principais países emergentes nesta terça-feira, em Johanesburgo, estão na agenda a 18ª Cúpula do G20 (em Nova Delhi) e a 78º Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (Nova York), ambos em setembro.
Particularmente em relação ao encontro do Brics na África do Sul, há a expectativa de que a reunião seja definidora para o futuro do grupo. O principal tema em discussão será a ampliação do bloco, com a possível adesão de novos membros.
Pelo menos duas dezenas de países manifestaram interesse em entrar no Brics desde o ano passado. Figuram na lista países que não podem ser considerados postulantes a potência global, mas que possuem relevância regional considerável. Casos de Arábia Saudita, Argélia, Argentina, Egito, Emirados Árabes, Indonésia, Irã, Nigéria entre outros.
Quinze anos após a criação, o Brics vive na reunião deste ano, portanto, um momento paradigmático. O grupo, que nasceu forte no esteio e como resposta dos principais emergentes à crise de 2008, viveu um momento recente de baixa com a desaceleração do crescimento chinês e a estagnação econômica brasileira.
Entretanto, o Brics pode ganhar agora um novo impulso com as novas adesões, levando em conta o contexto e os interesses de alguns de seus membros.
No entanto, a entrada de novos membros no Brics não é consenso entre os membros do bloco e as divergências quanto às novas adesões são bem evidentes. China, Rússia e África do Sul são os principais interessados na ampliação.
A China enxerga este momento do Brics como uma oportunidade de um crescimento do grupo liderado por ela e, consequentemente, ter um número maior de países sob sua influência. A lógica quanto maior o bloco, melhor para Pequim.
Por razões semelhantes, a Rússia segue a mesma linha. Uma ampliação para Moscou significa uma maior amplitude de diálogo em meio ao isolamento imposto pelas potências ocidentais devido à guerra na Ucrânia.
Segunda maior economia do bloco, contudo, a Índia oferece mais resistência às novas adesões. No caso indiano, a postura mais cautelosa é traduzida na busca pelo estabelecimento de critérios mais rígidos para ampliação do Brics e frear a fome de China e Rússia em expandir o grupo.
O Brasil segue a preocupação da Índia quanto à expansão do Brics e também pleiteia um maior rigor para aceitar as adesões. Mas de longe é o país menos interessados no aumento do grupo.
O Brics é para o Brasil o fórum internacional no qual o país tem maior diálogo com países protagonistas no cenário internacional. Para o Brasil, ampliar o Brics significa automaticamente diluir influência, o que de fato não é interessante no projeto de reinserção global do país agora sob o governo Lula.
Mas aí poderíamos nos perguntar: ampliar o Brics não seria uma forma de o Brasil conseguir aumentar essa capacidade de diálogo? Em tese, faz sentido.
Porém, essa é uma possibilidade limitada dentro de um grupo que tem atores como China e Rússia, mais avançados e com maior poder de influência em países africanos, por exemplo. Ou mesmo se a Argentina for incluída, o que tiraria a exclusividade brasileira como representante da América Latina no grupo.
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