
Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
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Desde o primeiro momento no qual o Hamas iniciou sua ofensiva no último dia 7 de outubro, sempre foi muito claro que a escala que o conflito iria tomar estaria diretamente relacionada ao tamanho da resposta a ser dada por Israel à agressão.
O direito à retaliação contra o grupo extremista palestino não seria negado pelas potências que compõem o Conselho de Segurança das Nações Unidas, por exemplo, bastando garantir o cumprimento de alguns limites, algo que tem sido desrespeitado de maneira flagrante por Israel.
A legítima defesa de um Estado é amparada pelo Direito Internacional e está prevista na Carta da ONU de 1945. Agora, mesmo em uma guerra, existem regras que delimitam o que cada lado do conflito pode ou não fazer. Sejam essas partes envolvidas um Estado reconhecido – como Israel – ou um grupo armado, a exemplo do Hamas.
No entanto, em pouco menos de um mês, o que se viu na Faixa de Gaza foi uma total falta de distinção entre alvos civis e militares da parte de Israel. Uma desproporcionalidade que vai muito além do comparativo na contabilização diária dos números de mortos e feridos.
Para registro, são 8,3 mil pessoas mortas em solo palestino por conta dos bombardeios, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. A maioria civis e quase metade desses menores de idade.
Sem falar das dezenas de milhares de feridos, das centenas de milhares que foram obrigados a se deslocar fugindo da morte e dos que sobrevivem em condições cruéis de desumanização, cercados sem água ou comida. No lado israelense, os ataques do Hamas deixaram aproximadamente 1,4 mil mortos, segundo o governo.
Mas como falei, não se trata dos números de quem mata mais ou de quem morre mais. Falar neste caso em resposta desproporcional significa que Israel tem causado uma destruição muito maior do que o que já poderia ser considerado um êxito militar
Israel é um dos estados mais militarizados do mundo, dispondo de armas e tecnologia bélica suficientes para neutralizar o Hamas de uma forma muito mais assertiva do que vem fazendo. Sem precisar fazer da sua retaliação um compilado de crimes de guerra contra os palestinos em Gaza e na Cisjordânia.
Embora aqueles que defendem uma solução de dois estados sejam maioria em ambos os lados da fronteira, o radicalismo prevaleceu nas últimas décadas.
O atual cenário de conflito entre israelenses e palestinos é consequência da célere erosão nas relações vista nos últimos anos entre o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e o atual governo israelense, de Benjamin Netanyahu. Dois projetos de poder que propõem a destruição do outro como forma de solucionar a questão.
Admito não ter dimensão do quão é difícil falar sobre racionalidade em uma guerra, provavelmente o situação de maior degradação à qual uma pessoa pode estar sujeita. Mas é possível falar sobre a responsabilidade que o Hamas e o governo Netanyahu têm para que chegássemos até onde viemos parar como humanidade.
E falar sobre isso é também enxergar que embora essa responsabilidade seja compartilhada não significa que ela aconteça de maneira igualitária. Pois, entre os dois lados do conflito, apenas Israel tem condições de evitar o genocídio em curso.
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