
Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
A guerra entre Israel e Hamas completa um mês hoje. Desde aquele 7 de outubro, quando o grupo extremista palestino fez um ataque surpresa que deixou mais 1,4 mil mortos e fez 240 reféns, o que se vê é uma resposta israelense em formato de carnificina.
Se o intuito da campanha militar é aniquilar o Hamas, na prática, ocorre uma ofensiva sem assertividade. Os bombardeios israelense que já duram um mês e a incursão terrestre iniciada há dez dias já deixaram mais de 10 mil mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território palestino governado pelo Hamas. Os feridos já passam dos 25 mil.
Você pode - e até deve - questionar a credibilidade da fonte, mas não é possível negar a evidente desproporcionalidade e a falta de razoabilidade flagrante na resposta de Israel. Você pode até falar sobre o direito israelense a autodefesa após ter seu território violado e seus nacionais mortos e sequestrados. Mas não pode concordar que a reação, com este grau de violência, faça o mínimo de sentido.
Para se ter uma dimensão do que estamos falamos, aproximadamente 4.100 desses mortos tinham menos de 18 anos. O que representa 137 mortes de crianças ou adolescentes por dia de guerra. Quase seis por hora. Uma a cada dez minutos. O tempo que você leva para ler esta coluna é quase o mesmo para um jovem menor de idade morrer de uma maneira cruel em Gaza.
Todas essas mortes desnecessárias se dão sem qualquer garantia de que Israel alcance seu objetivo de eliminar o grupo extremista. Ou alguém realmente acha que esta é a melhor forma de acabar com o Hamas? Quantos mais precisarão morrer?
Limitada em suas ações e presa aos interesses das principais potências do Conselho de Segurança dento de um sistema de governança internacional anacrônico, a ONU pode ao máximo alertar para a tragédia em curso. Apelando à comunidade internacional com expressões de efeito como Gaza sendo transformada em um “cemitério de crianças”.
Desde o primeiro dia da guerra, os Estados Unidos se colocaram como aliados incondicionais de Israel. No Conselho de Segurança da ONU, vetaram a proposta de Resolução redigida pelo Brasil que seria vinculante à tentativa de solucionar o conflito, por exemplo.
Há um cálculo eleitoral para Joe Biden. Nem tanto pelo voto da comunidade dos judeus nos EUA, estes concentrados em estados nos quais o Partido Democrata sempre vence com facilidade. Mas no voto de certos grupos evangélicos que têm afinidade teológica com o Estado de Israel explicada por uma interpretação bem particular da Bíblia.
Esses grupos são maioria nos chamados “swing states” (ou estados pendulares), onde não é possível cravar quem vai vencer entre democratas e republicanos. Em uma disputa que se desenha acirrada novamente contra Donald Trump, esse eleitorado poderá ser decisivo nas urnas.
No entanto, a percepção do americano quanto o papel dos EUA no Oriente Médio mudou em 20 anos. O sentimento anti-Islã, que impulsionou as guerras no Afeganistão e no Iraque após o 11 de Setembro, não existe na mesma proporção atualmente.
Do “outro lado”, não está apenas o Hamas, como estiveram Talibã e Saddam Hussein há duas décadas. O sentimento de apoio à criação do Estado Palestino e de solidariedade com seu povo é algo que não pode ser desconsiderado nos EUA de hoje e no ocidente como um todo. E o cálculo eleitoral de Joe Biden também precisa levar isso em conta.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.