Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
Taylor Swift movimentou milhões de pessoas e mexeu até com PIB e a inflação de alguns países em sua atual turnê, "The Eras Tour". No último domingo, 4, arrematou o Grammy de Melhor Álbum do ano e fez um anúncio rodeado de expectativa de seu próximo álbum a ser lançado em abril.
No próximo domingo, 11, milhões de “swifters” acompanharão a saga da “Loirinha” que vai tentar voar do Japão, onde faz show na véspera, até Las Vegas a tempo de assistir o namorado Travis Kelce, jogador de futebol americano que estará no Super Bowl.
Mas o impacto da cantora não fica restrito à cultura pop e entrou no debate político americano. Eleitora declarada de Joe Biden em 2020, Taylor Swift é alvo de teorias conspiratórias criadas por apoiadores de Donald Trump nas redes.
Uma delas tira, do nada, a hipótese infundada de que o Kansas City Chiefs, time por qual joga Travis Kelce, chegou ao Super Bowl como uma manobra de manipulação pró-Biden, utilizando a imagem do casal famoso a favor do presidente democrata. Detalhe: o Chiefs chegou em quatro dos último cinco Super Bowls e ganhou dois, incluindo o do ano passado.
O temor do trumpismo reside no potencial apelo que Taylor Swift tem sobre o eleitorado jovem, o estrato do qual Joe Biden depende para conseguir a reeleição.
Sob o ponto de vista da estratégia eleitoral, não parece muito inteligente o ataque a uma estrela pop ou um astro do esporte mais popular dos EUA. No entanto, o trumpismo e seus influencers propagadores de desinformação sobrevivem com a tática de “atacar para engajar”. Uma forma de chamar atenção com um tema ou uma pessoa em evidência para disseminar uma ideia política, por mais que ela não faça o menor sentido.
Nas últimas duas semanas, a convite da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, participei de um curso na Universidade do Sul da Flórida sobre Jornalismo e Democracia ao lado de outros 14 jornalistas brasileiros de todas as regiões do País.
Estados Unidos e Brasil são as duas maiores democracias do hemisfério ocidental. Embora guardem diferenças e particularidades ao longo da história nos respectivos modelos de governança e construção de participação política, ambos possuem similaridades entre si. No passado e no presente.
Durante o período do curso, em conversas com jornalistas e pesquisadores de Comunicação e Política americanos, foi possível trocar experiências sobre o que tem sido feito, aqui e lá, para encontrar e desenvolver formas de combate à desinformação.
Ou mesmo discutir como os americanos e brasileiros analisam as ameaças pelas quais as democracias dos dois países têm passado em anos recentes. E ver de perto como os Estados Unidos têm vivido o ano da primeira eleição após o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio, com a possibilidade real de Donald Trump voltar à Casa Branca.
Em um contexto global em que regimes democráticos têm sido colocados cada vez mais à prova, é salutar a iniciativa de promover intercâmbios entre agentes fortalecedores da democracia como o Jornalismo, a academia e as instituições de poder propriamente ditas.
Um dos trabalhos feitos por pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida analisou postagens feitas no X (ex-Twitter) entre os duas que antecederam os ataques de 8 de janeiro em Brasília.
Os pesquisadores coletaram mais de 37 mil mensagens de teor golpista contendo hashtags com mensagens subliminares como #selma #festadaselma e #brazilianspring.
Selma foi um dos códigos usados nas redes bolsonaristas para combinar as invasões às sedes dos Três Poderes. O termo em questão faz alusão à saudação “Selva” — adotado por forças militares.
O estudo faz um perfil das postagens e curiosamente identifica que muitas delas são de perfis considerados orgânicos. Ou seja, não se tratam de bots. E que boa parte dessas publicações foram feitas nos EUA, em cidades como Orlando, Nova York e Boston.
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