Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
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Tudo leva a crer que Joe Biden e Donald Trump terminarão esta terça-feira com o número de delegados muito próximo do necessário para serem indicados pelos respectivos partidos para a eleição presidencial americana. No processo das primárias da corrida pela Casa Branca, as “Superterças” costumam consolidar ou mesmo definir quem estará na disputa.
No entanto, desde que o termo foi cunhado no processo eleitoral de 1984, nunca as primárias chegaram à Superterça com um cenário tão previsível e com tanta certeza sobre quem serão os candidatos democrata e republicano nas eleições de novembro. Sem muitas emoções, as disputas de hoje vão muito mais chancelar o que já é sabido por todos do que apontar um favorito em uma disputa apertada.
No Partido Republicano, eleitores registrados de 15 estados irão escolher hoje qual candidato querem ver na eleição. Nesta Superterça, 865 delegados estarão em jogo – mais de um terço do total – e a expectativa é de que Donald Trump vença em todos os estados. Até o momento, o ex-presidente obteve 244 delegados e pode terminar o dia de hoje muito perto dos 1.215 necessários para ser indicado pelos republicanos na convenção nacional do partido em julho.
Principal desafiante, Nikki Haley tem apenas 43 delegados e comemorou no último fim de semana a primeira vitória nas primárias (contra oito de Trump). A ex-embaixadora americana na ONU venceu em Washington D.C., estado que viu de perto o que Trump é capaz de fazer quando está no poder e onde os republicanos nunca venceram os democratas. Até mesmo na Carolina do Sul, onde ela foi governadora, Trump derrotou Haley por uma margem acachapante.
Quase utópica, a esperança de Haley é de que os eleitores republicanos se convençam do quão perigoso é uma nova indicação de Trump para a eleição ou o retorno dele à Casa Branca. Um questionamento cada vez mais frequente nos EUA é o que busca entender o porquê ela ainda não ter desistido.
Uma das apostas dela é que o ex-presidente fique impedido de disputar a eleição por conta dos processos que o acusam de interferir no processo eleitoral de 2020 e de estimular a tentativa de sedição em 6 de janeiro de 2021. Mas isso é algo cada vez mais distante. Como esperado, a Suprema Corte decidiu por unanimidade ontem que Trump pode participar das primárias de hoje no Colorado. Os nove juízes consideraram que apenas o Congresso, e não um estado, está autorizado a impedir um candidato de estar com o nome nas urnas.
Em um processo eleitoral no qual o presidente de turno tenta a reeleição, primárias costumam ser protocolares. No caso de Joe Biden não é diferente, mas o ocupante da Casa Branca gera as desconfianças contra si próprio.
Biden não tem conseguido converter os bons números da economia americana em uma percepção das pessoas de que o país caminha bem. E tem apresentado dificuldades em tratar junto ao eleitorado outros temas como a questão da fronteira sul e as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.
Na última semana durante as primárias em Michigan (um swing state que pode ser decisivo em novembro), ele venceu com 81%. No entanto, mais de 100 mil votos foram em branco como protesto à política do governo americano em relação às ações de Israel contra a população civil palestina na Faixa de Gaza. Nos estados onde as primárias democratas consistem em escrever o nome do candidato na cédula, não é raro ver a opção “cessar-fogo” ser a escolhida.
Entre os democratas, a expectativa maior tem girado em torno do discurso de “Estado da União” que Joe Biden fará na próxima quinta-feira, 7, no Congresso. A idade do octogenário presidente e sua vitalidade física e mental para seguir mais quatro no cargo mais importante do mundo são os principais pontos de questionamento interno à sua candidatura. Mesmo com Trump sendo apenas quatro anos mais jovem.
Biden subirá ao púlpito com a missão de mostrar vigor e aptidão sobretudo mental para um segundo mandato, tentando transmitir um otimismo e uma segurança que foram pouco vistas até agora no enfrentamento de tantas crises. O discurso de Biden televisionado ao vivo diante do Parlamento tem ganhado contornos de momento histórico que pode definir o futuro da eleição.
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