
Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
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A Venezuela é o grande elefante na sala durante a visita de Estado do presidente Lula ao Chile. Oficialmente, o objetivo da viagem é a assinatura de uma série de acordos para ampliação de parcerias. Na prática, o encontro com Gabriel Boric carrega também o contexto da crise eleitoral venezuelana.
Nicolás Maduro é atualmente o grande ponto de cisão na esquerda latino-americana. Embora estejam em número cada vez menor, ainda há lideranças na região que insistem em defender o herdeiro do chavismo. O ex-presidente boliviano Evo Morales, que dividiu a ala progressista do próprio país, é o principal nome dessa ala.
Outros já abandonaram Maduro antes mesmo das últimas eleições. Casos do uruguaio Pepe Mujica e do próprio Boric. O presidente chileno foi um dos primeiros líderes mundiais a contestar os resultados apresentados pelo Conselho Nacional Eleitoral, controlado por Maduro e classificá-los como "difíceis de acreditar" logo após a divulgação.
Lula, por sua vez, tem tentado se equilibrar nesta corda bamba diplomática. Por um lado, erra ao sugerir legitimidade no processo eleitoral venezuelano sem qualquer transparência e tenta corrigir ao cobrar que o governo Maduro apresente as atas eleitorais.
Boric, inclusive, já esteve em posição de atrito com Lula por causa de Maduro. Em maio do ano passado, o presidente chileno criticou o brasileiro que se referiu como "narrativas" as flagrantes violações de direitos humanos na Venezuela.
O ponto em que Lula está situado neste jogo requer atualmente mais cuidados que o de Boric. Embora receba uma grande quantidade de venezuelanos que deixaram o país, o Chile não está em fronteira como o Brasil está. Além disso, do presidente brasileiro é exigida uma posição de liderança regional capaz de mediar a questão, o que não ocorre com sua contraparte chilena. Lula precisa calcular muito mais na hora de se expor.
A declaração conjunta de Brasil, Colômbia e México em exigir transparência do governo venezuelano em relação às atas eleitorais foi um bom movimento do ponto de vista diplomático, mas passará da validade logo se seguir sendo ignorado por Maduro.
Os EUA e a China brigam medalha a medalha pela liderança em número de ouros no quadro de medalhas dos Jogos de Paris-2024. A discussão sobre os critérios de ranqueamento de países nas disputas olímpicas voltaram a centralizar a disputa entre superpotências na primeira semana de competições.
Até então, os chineses tinham mais medalhas de ouro e lideravam o quadro com base neste critério usado majoritariamente mundo afora. De maneira extra-oficial, o COI usa o número de ouros como parâmetro classificatório.
No entanto, com os americanos atrás na disputa, a NBC (principal detentora dos direitos de transmissão das Olimpíadas) passou a usar o número total de medalhas como referência de classificação entre os países, método no qual os americanos estão à frente.
A mesma situação ocorreu nos Jogos de Pequim-2008. A anfitriã China superou os EUA em número de ouros (48 a 36), mas não em número total de medalhas (100 a 112). A imprensa americana como um todo adotou como base o indicador que colocava o país em primeiro.
Via de regra, EUA, China e Rússia (quando participa dos Jogos, o que não é o caso destes de Paris) costumam dominar o quadro de medalhas. Não por acaso, são as maiores potências econômicas, políticas e militares da atualidade.
Na última semana, escrevi sobre como sediar as Olimpíadas sempre foi uma oportunidade de projeção de poder. O desempenho esportivo nas competições não é diferente. As disputas vão muito além dos locais de competição e são também comunicacionais, impactando até mesmo o critério que um escolhe para dizer que é melhor que o outro.
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