Logo O POVO+
Os efeitos da incursão ucraniana na Rússia
Foto de João Marcelo Sena
clique para exibir bio do colunista

Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO

Os efeitos da incursão ucraniana na Rússia

Ucrânia fortalece sua posição visando eventuais negociações futuras, mas abertura de um novo front é mais um desgaste para um exército que já opera no limite
Tipo Opinião
OFENSIVA ucraniana pegou de exército russo de surpresa (Foto: Gavriil GRIGOROV / POOL / AFP)
Foto: Gavriil GRIGOROV / POOL / AFP OFENSIVA ucraniana pegou de exército russo de surpresa

Em meio a sua pior crise desde o início da guerra, a Ucrânia surpreendeu e promoveu uma incursão em território da Rússia. Nos últimos dias, as tropas ucranianas avançaram aproximadamente 30km na região de Kursk, a maior investida dentro das fronteiras russas desde o início da guerra em fevereiro de 2022.

Volodymyr Zelensky comemorou a ofensiva e afirmou no último sábado que a Ucrânia está “empurrando a guerra para o território do agressor". Por outro lado, Vladmir Putin reconheceu as perdas e prometeu ontem “expulsar as tropas” das 28 cidades ocupadas na região de Kursk.

Ainda é cedo, no entanto, para mensurar os efeitos da incursão e qual o peso dela para o desenrolar da guerra. Do ponto de vista de imagem, inegavelmente é um golpe duro para a Rússia que sofreu o maior ataque estrangeiro desde a II Guerra.

No âmbito estratégico, a Ucrânia fortalece sua posição visando eventuais negociações futuras, caso a Rússia não retome logo o controle da região. O próprio Putin citou este como principal objetivo da incursão ucraniana. O presidente russo passou um recibo de que sentiu o golpe ao mencionar que a ação da Ucrânia inviabiliza qualquer tentativa de acordo por um cessar-fogo.

Por outro lado, a abertura de um novo front é mais um desgaste para o exército ucraniano que opera no limite em relação a número de soldados e com o governo de chapéu na mão por ajuda internacional.

Além disso, ainda não há sinais de que o avanço em Kursk arrefeceu a pressão da Rússia sobre as tropas ucranianas, em menor número e com menos armas na região do Donbass, no leste da Ucrânia.

Fim da trégua olímpica de Macron

O presidente da França, Emmanuel Macron (E), segura uma medalha de ouro olímpica durante uma reunião com representantes de partes interessadas que contribuíram para a organização e realização dos Jogos Olímpicos de Paris de 2024, no Palácio Presidencial do Eliseu, em Paris, em 12 de agosto de 2024(Foto: Benoit Tessier / POOL / AFP)
Foto: Benoit Tessier / POOL / AFP O presidente da França, Emmanuel Macron (E), segura uma medalha de ouro olímpica durante uma reunião com representantes de partes interessadas que contribuíram para a organização e realização dos Jogos Olímpicos de Paris de 2024, no Palácio Presidencial do Eliseu, em Paris, em 12 de agosto de 2024

A pira olímpica foi apagada em Paris e o fogo da política francesa reacendeu. Passada uma espécie de trégua para Emmanuel Macron durante a Olimpíada, o debate sobre a escolha da próxima ou do próximo primeiro-ministro do País volta ganhar força.

Em junho, Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições legislativas após o fracasso de seu partido na eleição para o Parlamento Europeu. No mês seguinte, as urnas indicaram uma França fragmentada politicamente em três blocos – a coalizão de esquerda Nova Frente Popular, a aliança de centro-direita de Macron e a extrema direita de Marine Le Pen –, todos distantes de chegar à maioria absoluta.

Bloco que elegeu mais deputados a Nova Frente Popular pressiona Macron para que a economista Lucie Castet seja a escolhida. No entanto, o presidente francês resiste a uma formação de governo com a esquerda e defende uma aliança com os Republicanos, partido da direita tradicional.

No entanto, a legenda, que está longe do poder desde Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy, passa por uma profunda divisão e vive o dilema de outros grupos conservadores históricos mundo afora entre caminhar para um centro democrático ou abraçar a extrema-direita.

O dirigente do Republicanos Xavier Bertrand, o negociador do Brexit Michel Barnier e o presidente do Senado, Gérard Larcher, são alguns dos nomes à direita que poderiam assumir o cargo caso a aliança com o bloco de Macron prospere.

As duas semanas de Olimpíadas em Paris deveriam servir para Macron mudar o foco do debate público, elevar sua popularidade com os Jogos e ganhar tempo para articular um nome. Apesar dos bons resultados dos atletas franceses nos Jogos, a aprovação do presidente não foi alavancada como esperado e agora Macron está ainda mais pressionado diante do impasse político do país, um problema criado por ele próprio.

Foto do João Marcelo Sena

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?