
Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
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Passado um mês da desistência de Joe Biden da tentativa de reeleição, já é possível ter uma leitura mais clara de como a disputa pela Casa Branca está se desenhando e quais os impactos da mudança de rumos no lado democrata. Como esperado, a entrada de Kamala Harris no jogo deu o frescor para a candidatura do partido que iniciou ontem a convenção nacional que a aclamará oficialmente como postulante à presidência.
Se o desempenho desastroso do presidente no debate da TV no fim de junho e o atentado contra Donald Trump em meados de julho foram fatores que alçaram o candidato republicano ao favoritismo de acordo com as pesquisas, a saída de Biden foi o antídoto que tem feito o jogo virar segundo os mesmos levantamentos de intenção de voto.
Segundo o agregador de pesquisas Fivethirtyeight, que faz a compilação dos principais levantamentos publicados recentemente, Kamala aparece com 46,4% contra 43,8% de Trump nas intenções de voto.
Nos estados-pêndulo, onde a eleição será de fato decidida, a candidata democrata virou o jogo em Arizona, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Além disso, tem recuperado terreno na Carolina do Norte, enquanto Trump mantém liderança mais solidificada apenas na Geórgia.
Mas se tem uma coisa que esta eleição dos EUA tem mostrado é a sua capacidade de rapidamente mudar a maré. A menos de 80 dias dos americanos irem às urnas, muita coisa ainda pode acontecer e mudar os rumos da disputa.
A convenção democrata que vai até a próxima quinta-feira pode, inclusive, marcar o ponto de desaceleração na escalada de Kamala. O grande evento em Chicago com discursos de Biden, dos Obama e de estrelas do mundo pop ainda pode render mídia e exposição positiva para ela por algumas semanas.
Alguns fatores ajudam a explicar em parte a escalada dos democratas após um momento em que as coisas pareciam ir para o vinagre. A desistência de Biden fez com que o partido superasse a sua maior preocupação até então. Não o presidente em si, mas a fragilidade que sua figura conferia à candidatura diante de uma disputa acirrada e extenuante.
Com um simples gesto, Biden deixou de ser um peso para os democratas e se transformou em um estadista elogiado por todos dentro do partido. Enquanto Kamala passou a ser o contraponto perfeito a Donald Trump. Uma mulher negra duas décadas mais jovem que o adversário, com um discurso muito mais próximo dos eleitores que vão decidir a disputa e com um sorriso que contrasta um Trump cada vez mais vociferante.
A escolha de Tim Walz como seu vice tem se mostrado também uma cartada certeira, pelo menos até agora. O governador de Minnesota tem apelo junto aos eleitores brancos de áreas rurais do Meio-Oeste, um reduto importante para Trump. Ex-professor de ensino médio e técnico de futebol americano escolar, Walz também tem boa aceitação em setores progressistas de outras partes do país por defender bandeiras como a educação pública.
Por outro lado, a imagem de JD Vance, vice de Trump, precisou de apenas um mês para ficar desgastada. Em uma entrevista de 2021 ao antigo programa de Tucker Carlson na Fox News, o senador por Ohio e escritor afirmou que os EUA eram governados por “mulheres sem filhos”, chamadas pejorativamente por ele de “cat ladies”.
A repercussão negativa das declarações que viralizaram no fim de julho logo após Kamala – que não tem filhos – ser alçada como nome democrata anularam os efeitos positivos da novidade em torno de seu nome depois da convenção republicana.
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