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O desafio climático para Lula na ONU
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Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO

O desafio climático para Lula na ONU

Como de hábito, o Brasil abre a série de discursos trazendo como eixo central da fala a visão do País a respeito dos principais problemas globais da atualidade
Tipo Opinião
EX-PRESIDENTE Alberto Fujimori (1990-2000) após deixar a prisão em dezembro de 2023 (Foto: Renato PAJUELO / AFP)
Foto: Renato PAJUELO / AFP EX-PRESIDENTE Alberto Fujimori (1990-2000) após deixar a prisão em dezembro de 2023

Lula voltará na próxima semana a fazer o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU. Se em 2023, ele subiu ao púlpito levando como mote o retorno do Brasil como um ator relevante no cenário internacional após os anos de isolamento com Jair Bolsonaro, agora a questão climática será o maior desafio para o presidente brasileiro.

Como de hábito, o Brasil abre a série de discursos trazendo como eixo central da fala a visão do País a respeito dos principais problemas globais da atualidade. Nesse ponto, não devem faltar menções e pedidos por um cessar-fogo na Faixa de Gaza com um tom mais crítico às hostilidades de Israel; uma solução negociada para o fim do conflito entre Rússia e Ucrânia; e uma defesa do multilateralismo.

É possível, mas não uma certeza, que Lula cite também a necessidade de maior transparência eleitoral na Venezuela e eleve o tom para criticar a ditadura e perseguição de líderes católicos por Daniel Ortega na Nicarágua, com quem o Brasil tem hoje relações congeladas.

Ambições em brasa e em chamas

Mas o ponto central estará em torno da questão climática. Lula voltou ao poder em 2023 tendo como uma de suas metas se posicionar como uma liderança global em defesa do meio ambiente. No entanto, embora o Brasil tenha reduzido suas taxas de desmatamento, ele irá a Nova York pressionado por um país literalmente pegando fogo.

Ano passado, Lula cobrou dos países desenvolvidos que cumprissem o que foi firmado no Acordo de Paris em 2015, quando se comprometeram a destinar US$ 100 bilhões para os emergentes para contribuir com uma transição energética mais sustentável.

Como presidente incumbente do G-20 e do país que sediará ano que vem a COP30, Lula terá como principal desafio manter, perante a comunidade internacional, a própria credibilidade como liderança capaz de conduzir os esforços globais para o clima. Mas esse convencimento é difícil quando o próprio país está coberto pelas chamas.

Uma eventual possibilidade de sucesso ou a decretação do fracasso da COP30 de Belém pode começar a ser desenhada na próxima semana em Nova York.

EX-PRESIDENTE Alberto Fujimori (1990-2000) após deixar a prisão em dezembro de 2023(Foto: Renato PAJUELO / AFP)
Foto: Renato PAJUELO / AFP EX-PRESIDENTE Alberto Fujimori (1990-2000) após deixar a prisão em dezembro de 2023

Não me comove o pranto de quem é ruim

Alberto Fujimori não foi apenas um autocrata que tentou dar um autogolpe em 1992 no Peru. Não foi somente mais um, entre tantos presidentes sul-americanos, que se apropriou das instituições democráticas e desrespeitou direitos humanos para enriquecer às custas do dinheiro público, perseguir opositores e ficar no poder por uma década.

Ele foi o primeiro presidente latino-americano julgado e condenado no próprio país por crimes contra a humanidade. A pena de 25 anos é referente à ordem que deu para que um esquadrão da morte chamado Grupo Colina cometesse dois massacres que deixaram 25 pessoas mortas em 1991 e 1992 no contexto de enfrentamento às guerrilhas do Sendero Luminoso e Tupac Amaru.

Fujimori morreu na última semana sem ser julgado ou responder por uma suposta esterilização forçada de cerca de 270 mil mulheres entre 1996 e 2001. A alegação de sua defesa era de que se tratava de um programa de seu governo para o controle de natalidade no Peru. Não por coincidência, as vítimas eram de comunidades indígenas quéchua e famílias pobres do interior do país.

Se existir mesmo um inferno, ele terá um espaço especial reservado para uma das figuras mais perniciosas da história latino-americana do fim do século XX.

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