
Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
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No dia 1º de abril, há seis meses, um ataque de Israel destruiu parte da embaixada do Irã em Damasco, na Síria, matando 16 pessoas, incluindo comandantes de alta patente da Força Quds, da Guarda Revolucionária Iraniana, que estavam no local.
Treze dias depois, a mesma Guarda retaliou com o maior ataque de drones já feito na história. Apesar disso, a resposta feita em conjunto com o Hezbollah, os houthis do Iêmen e milícias xiitas no Iraque foi interceptado pelos sistemas antiaéreos de Israel e causou poucos danos práticos.
O regime de Teerã passou a receber cobranças internas para que pusesse em prática uma ação mais contundente contra Israel. Pressão esta que partiu também desses mesmos grupos financiados pelo Irã que formam o chamado "Eixo da Resistência" e exigiam ações mais contundentes.
Três meses depois, no fim de julho, Ismail Haniyeh, principal líder do Hamas, foi morto em sua residência em plena Teerã, poucas horas após participar da posse do presidente iraniano Masoud Pezeshkian. Israel não assumiu participação no ataque, porém nunca negou. Mais pressão no Irã por uma retaliação.
Mais recentemente, dois novos golpes no Irã. Em meados de setembro, o ataque dos pagers deixou 37 pessoas mortas no Líbano e quase 3 mil feridos em uma ofensiva direta contra o Hezbollah que atingiu milhares de civis. Entre os que se feriram, Mojtaba Amani, embaixador iraniano em Beirute.
No último fim de semana, Hassan Nasrallah, principal líder do Hezbollah nas últimas três décadas, morreu em Beirute após um ataque aéreo israelense. Dois dias depois, o exército israelense começou incursão por terra no Líbano.
Todos os episódios citados acima foram fustigações de Israel atraindo o Irã para um conflito de maiores proporções. Teerã, por sua vez, sempre evitou uma resposta que elevasse ainda mais as tensões e, consequentemente, puxasse os Estados Unidos para uma guerra mais ampla.
A questão para o Irã, portanto, virou a tentativa de acertar qual a dose da resposta. Não poderia ser algo grande o suficiente para aumentar as tensões, nem tímido a ponto de expor fraqueza. Ontem, o Irã finalmente marcou uma posição e retaliou. Embora de proporções consideráveis, a resposta novamente poucos danos causou a Israel.
Na prática, pareceu muito mais um soco forte de quem não quer lutar. Ou de quem sabe que não está em condições de entrar em um combate com muitos rounds e joga para o outro lado a responsabilidade do próximo golpe, torcendo para que ele não ocorra.
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