
Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
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Os ataques do Irã com o lançamento de aproximadamente 200 mísseis contra Israel deixaram uma certeza: haverá uma reação. Ainda não se sabe quando e qual a intensidade, mas não existem muitas dúvidas de que a ofensiva iraniana da última semana não ficará por isso mesmo para os israelenses.
Do ponto de vista político e militar, se você é atacado e não retalia, você demonstra fraqueza. Sinaliza que, em caso de novas ofensivas, não reagirá, o que pode estimular novas investidas. Historicamente, Israel adota esse tipo de princípio como estratégia de dissuasão do inimigo. Ter a ação final e dar a última palavra para mostrar força.
Além disso, como já mencionado em outras colunas nas últimas semanas, Benjamin Netanyahu tem sua sobrevivência política condicionada ao apoio de grupos da extrema-direita religiosa. Logo, invariavelmente usa o tensionamento bélico constante e o discurso de que Israel precisa se proteger dos inimigos da região para se manter no poder.
Assim, tem total interesse em seguir no front em Gaza contra o Hamas – em guerra que completou um ano nesta segunda-feira, 7 – e o Hezbollah, no Líbano, principal alvo neste momento.
Inclusive a tendência mais provável é que Israel siga tentando enfraquecer os braços aliados do Irã na região. Ataques diretos aos persas são uma certeza, mas devem ser pontuais. Uma guerra aberta e total entre Israel e Irã é um passo imprevisível demais para estar próximo de acontecer.
Mas, segue a pergunta: como Israel vai retaliar o Irã? Duas possibilidades não excludentes estão desenhadas no horizonte. A primeira e mais convencional seria um ataque às instalações militares iranianas de onde partiram os mísseis da última semana.
Em tese, esse tipo de resposta seria a mais próxima de uma proporcionalidade. Um “chumbo trocado” sem muitas dores. A não ser que membros da Guarda Revolucionária Iraniana sejam alvos. Ou mesmo sejam atingidos centros do programa nuclear do Irã, o que poderia aumentar a escalada.
Um segundo caminho muito debatido nos últimos dias seria um ataque a estruturas energéticas iranianas, o que incluiria usinas petroquímicas ou instalações navais no Estreito de Ormuz, por onde todo o petróleo do Oriente Médio é escoado. Esse cenário teria como consequência uma grande desorganização do mercado de hidrocarbonetos em todo o mundo.
A quatro semanas da eleição nos Estados Unidos, tudo que os democratas não querem é ver turbulências que chacoalhem o mercado por conta da variação do preço do barril de petróleo, mesmo a dependência americana da commodity do Oriente Médio hoje seja muito menor que há duas décadas. Porém, o interesse de Netanyahu em uma vitória de Kamala Harris é mínimo e não seria isso que o impediria de retaliar dessa forma.
Há um ano, o Hamas surpreendia Israel com um atentado que resultou na morte de 1.206 pessoas. Outras 251 foram sequestradas, sendo 97 ainda em cativeiro. A resposta israelense nos 12 meses seguintes, que poderia ser legítima sob a perspectiva de direito à defesa, ultrapassou todas as linhas da proporcionalidade.
Os quase 42 mil palestinos mortos, a maioria jovens e civis, por vezes parecem apenas um número frio na paisagem trágica do dia a dia. Por uma agenda política pessoal, Netanyahu capitaneia uma ação genocida e injustificável.
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