Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
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O dia daquela que pode ser a eleição americana mais apertada da história chegou. A partir de hoje e ao longo dos próximos dias os olhos do mundo estarão voltados para saber se Kamala Harris ou Donald Trump estarão à frente da maior potência econômica e militar do planeta.
Diante de um cenário tão acirrado, a candidata democrata mantém uma margem estreita nas pesquisas, mas viu essa diferença diminuir ao longo das últimas semanas com uma alta do republicano. Na prática, a eleição nacional conta menos que as disputas voto a voto nos sete estados-pêndulo que decidirão quem ocupará a Casa Branca.
Em alguns deles, Trump tem leve favoritismo. Em outros, Kamala deve levar a melhor. Em todos eles, contudo, as distâncias nas pesquisas estão na margem de erro, não sendo possível cravar quem será o vencedor. Dessa forma, algumas questões expostas durante a campanha podem acabar desequilibrando a disputa para um lado ou para o outro.
Kamala Harris viveu o dilema da candidata que tentou se desvencilhar dos pontos fracos da administração Joe Biden e se mostrar como um nome de mudança. Ao mesmo tempo, ela não pode simplesmente dissociar a própria imagem da atual gestão, largando a mão do presidente que desistiu de tentar a reeleição. Pelo menos três fatores podem ser cruciais para explicar uma eventual derrota democrata.
A economia americana é o principal tema a pesar na escolha do eleitor. O governo Biden conseguiu deixar a inflação em queda desde o pico em setembro de 2021 e uma taxa de desemprego abaixo dos 5%. No entanto, a percepção geral é de que a vida ficou mais cara com Joe Biden. E de fato ficou. Apesar dos bons números dos índices, os preços não voltaram ao patamar do período Trump. Isso tem um peso que pode ser decisivo para a vitória do republicano.
A imigração é um segundo ponto que também está relacionado a uma percepção do eleitor. Mesmo com posturas xenófobas e racistas, Trump conseguiu emplacar a retórica junto ao eleitorado de que pode lidar melhor com a imigração do que Kamala.
Por fim, as guerras no Oriente Médio. Para vencer, Kamala Harris precisa de uma mobilização igual ou maior que Joe Biden teve em 2020 no contexto de disputa contra um candidato antivacina em meio a uma pandemia. No entanto, a postura leniente do governo Biden em relação às atrocidades de Israel na Faixa de Gaza faz com que o eleitor democrata se sinta menos motivado a sair de casa votar nesta terça.
Donald Trump tenta voltar à Casa Branca após quatro anos para um mandato por muito já visto como de vingança. O candidato republicano nunca aceitou a derrota em 2020 para Joe Biden e está com um discurso ainda mais extremista contra minorias e adversários.
Mesmo sendo o opositor, Trump em nenhum momento conseguiu se colocar como alguém que representasse uma mudança. A figura do ex-presidente em si e a ameaça que ele representa à democracia e à estabilidade global são elementos que podem estimular um voto democrata.
Um segundo ponto que pode definir derrota para Trump é a questão do aborto, uma questão na qual Kamala se sai melhor. Por ser mulher e por recaírem sobre o republicano a reversão do caso Roe vs. Wade por uma Suprema Corte conservadora e com juízes indicados pelo presidente.
Após a decisão, o aborto deixou de ser liberado em todo país, passando a cada estado decidir sobre permitir ou não a interrupção da gestação. Algo encarado como um retrocesso nos direitos das mulheres sobre o aborto. O ex-presidente tentou se esquivar do tema durante toda a campanha por ser um assunto que faz ele perder votos junto ao eleitorado republicano feminino.
Seja entre as mulheres republicanas que o criticaram por tentar moderar o discurso ou entre as mulheres que, embora mais conservadoras, são favoráveis a uma legislação mais flexível e que respeite liberdades individuais.
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