Camilo e Lula querem proibir celulares nas escolas, mas Nikolas será um obstáculo
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João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais
Camilo e Lula querem proibir celulares nas escolas, mas Nikolas será um obstáculo
A proposta de retirar celulares das salas de aula terá apoio do presidente, que condena o uso excessivo dos aparelhos, mas o presidente da Comissão de Educação discorda em parte
Foto: Transmissão/TV Câmara
DEPUTADO federal Nikolas Ferreira
O ministro da Educação, Camilo Santana, está determinado em proibir o uso de celulares nas escolas públicas e privadas de todo o país. O projeto de Lei que trata sobre o tema será entregue ao Congresso Nacional depois das eleições municipais, mas ainda sem prazo para tramitação.
A ideia é baseada em relatório feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que recomenda o banimento do aparelho das escolas. França, EUA, Itália, Canadá e México já adotaram restrições.
No Brasil, a ideia é humanizar relações e garantir o foco dos estudantes. "Queremos a escola conectada, queremos equipamentos de conectividade nas escolas, mas com fins pedagógicos. Tenho conversado com o presidente e a ideia é que a gente possa fazer isso por um Projeto de Lei que possa dar segurança para todas as redes estaduais e municipais", disse o ministro à reportagem d'O POVO.
Lula apoia a medida
Consultado por Camilo, o presidente Lula é a favor da matéria. O presidente, inclusive, condena o uso indiscriminado dos celulares em qualquer ocasião. Lula chegou a proibir o uso de celulares no gabinete e em reuniões com ele. "O cara marca uma coisa com o presidente e, daqui a pouco, está lá o presidente sentado e o cara no celular, conversando com alguém que ele não marcou audiência", disse Lula em um dos programas Conversa com o presidente.
Camilo mostrou a Lula as pesquisas feitas nesse sentido e a recomendação dada não só pela Unesco, mas também por diversos ministérios públicos estaduais. A ideia é vetar o uso de celulares em todas as séries do ensino básico. "É baseado em estudos científicos, em experiências mostrando o prejuízo que tem sido o uso livre desses equipamentos para os alunos nas escolas. Vamos discutir, inclusive, se a proibição será só nas salas de aula ou em toda a escola. Claro, será um projeto de lei que vai ser discutido no Congresso Nacional, mas o MEC está determinado e nossa posição é que tem sido um prejuízo para a aprendizagem dos nossos alunos em todo o Brasil", apontou o ministro
Nikolas quer proibição apenas nas primeiras séries
A discussão, agora, vai para o Congresso Nacional, local onde o texto vai ganhar colaborações e, claro, ser debatido, também, com viés ideológico. O presidente da Comissão de Educação, Nikolas Ferreira, se diz a favor da proibição dos celulares em salas de aula, mas somente nas primeiras do ensino fundamental. Depois disso, Nikolas defende o uso dos aparelhos em momentos controlados pelos professores.
Já Bia Kicis, uma das bolsonaristas mais radicais da Comissão de Educação, quer manter o uso dos aparelhos celulares nas salas de aula. Até porque a bancada do PL, em peso, defende que estudantes filmem os "professores doutrinadores" em sala de aula.
Nos celulares estão, também, a maior plataforma eleitoral da direita brasileira. É por meio das redes sociais que bolsonaristas divulgam nomes e propostas ideológicas, além de pedirem votos. Estudantes do 3º ano do Ensino Médio, por exemplo, já podem votar. Eles não querem perder todo esse alcance.
Mais uma vez, teremos a base aliada tentando aprovar a matéria e a oposição utilizando da ideologia para barrar o texto. A discussão será longa e muito tensa, como tudo no Congresso Nacional.
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