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Idilvan rompe o silêncio e confirma que Tábata se apropriou do Pé-de-Meia
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João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais

Idilvan rompe o silêncio e confirma que Tábata se apropriou do Pé-de-Meia

Candidata à prefeitura de São Paulo, Tábata Amaral usa o texto do cearense como trunfo de campanha. Ele apresentou a matéria em 2019, mas ela manobrou com Lira para ser autora
Tipo Notícia
DEPUTADO federal cearense Idilvan Alencar (Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados)
Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados DEPUTADO federal cearense Idilvan Alencar

A política queridinha do Ministério da Educação e do presidente Lula virou alvo de disputa no Congresso Nacional. Tábata Amaral diz que é a mãe do Pé de Meia, programa que remunera estudantes por frequência e aprovação no Ensino Médio. No DNA feito por esta coluna e pelo UOL, é possível ver que o verdadeiro autor da matéria é o deputado cearense Idilvan Alencar, que apresentou o texto em 2019.

“Lá no começo, eu chamei de poupança estudantil. Um ano depois, eu aprovei esse texto na Comissão de Educação por unanimidade, mas a gente estava no governo Bolsonaro e ele não queria saber dessa ideia de dar dinheiro para aluno pobre. Eu cheguei a apresentar pro Camilo, que aderiu à ideia já no primeiro discurso como ministro da Educação”, lembra Idilvan.

Só em 2021 que Tábata Amaral apresentou um Projeto de Lei semelhante. A ação é costumeira no Congresso Nacional e os textos parecidos são apensados - juntados - à primeira proposição. Foi isso que ocorreu com o PL de Tábata, que tramou nos bastidores para aparecer como autora da matéria - algo que surpreendeu Idilvan Alencar

“A manobra foi feita depois que o MEC mandou a Medida Provisória para a Câmara. A Tábata apresentou um projeto igual, que foi apensado ao meu. Ela, então, fez uma das coisas mais estranhas e incomuns no parlamento: pediu a desapensação. O (Arthur) Lira aceitou e colocou o PL dela pra votar”, reclamou o deputado do PDT.

A coluna apurou que houve momentos de animosidade entre Idilvan e Tábata. A candidata à prefeitura de São Paulo tentou fazer um acordo: ela seria a autora e ele o relator. Com a negativa, ela teria afirmado que articularia com Lira a manobra e que ele jamais aprovaria o texto como autor.

Idilvan não quis confirmar a apuração, mas relatou problemas com Tábata. “Ela tem uma personalidade forte. É uma menina que ainda tem muito a aprender, principalmente sobre a articulação do Congresso Nacional. Há espaços individuais, mas a construção é coletiva. Ela fez eu me sentir relegado, posto de lado, e não foi isso que aconteceu”, apontou.

Comparativo dos projetos

O texto apresentado por Idilvan Alencar, em 2019, diz o seguinte: “Dispõe do programa Poupança Estudantil voltado aos estudantes de baixa renda das escolas públicas”.

Já o PL protocolado por Tábata Amaral “propõe a criação de incentivo financeiro aos estudantes matriculados no ensino médio pertencentes a unidades familiares em situação de pobreza ou extrema pobreza”.
Segundo o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, o texto mais antigo segue tramitando com o autor inicial e propostas iguais ou semelhantes são ‘apensados’ a ele para posterior análise conjunta.

À época do requerimento feito por Tábata para ser a autora do PL. Idilvan protestou em documento protocolado junto à Câmara dos Deputados. “A única intenção é retirar o autor da proposição mais antiga. Fato que se afigura lamentável em uma casa democrática”.

Silêncio se deu por receio com campanha em São Paulo

Ao ser procurado pela coluna, Idilvan, primeiro, rejeitou qualquer tipo de conversa para não prejudicar a colega na campanha e em debates. Ele se preocupava com o que Pablo Marçal poderia fazer nos debates de posse dessa informação. “Eu quero falar, só não agora”. Ficou acordado, então, que a conversa seria depois do último debate, realizado na última quinta-feira. “Agora, eu estou tranquilo, ninguém vai empareda-la”, afirmou Idilvan.

O que diz Tábata Amaral

Em nota, a assessoria da deputada afirmou que a aprovação do projeto de lei foi uma conquista coletiva de toda a Bancada da Educação e que ela e Idilvan trabalharam juntos pelo PL que instaurou o Pé-de-meia - ela como presidente da Frente Parlamentar e Idilvan como coordenador. Nos debates, porém, Tábata diz ser a autora única do Projeto de Lei

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