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Na abertura do P20, Lira contradiz articulações e defende participação feminina
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João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais

Na abertura do P20, Lira contradiz articulações e defende participação feminina

Atualmente, a bancada feminina na Câmara é inferior a 18%. Apesar do discurso, o presidente da Câmara não incluiu mulheres nas negociações para o próximo presidente
Tipo Opinião
Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados (Foto: Lula Marques/ Agência Brasil)
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados

Durante a abertura do Fórum Parlamentar do G20, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), fez discurso defendendo a participação equânime de mulheres nos parlamentos do mundo. “Garantir oportunidades equânimes e participação equitativa das mulheres nos espaços de poder é passo civilizatório que precisa ser dado. É prioridade global. É imperativo para o fortalecimento das democracias no enfrentamento dos complexos desafios do mundo contemporâneo”, foi o que disse Lira, em discurso lido e preparado pela assessoria.

A contradição da fala aparece durante as negociações para a sucessão dele à presidência da Câmara dos Deputados. Lira declarou apoio a Hugo Motta e só se reuniu com homens para tratar do tema. As únicas mulheres líderes de partidos na Câmara, Adriana Ventura e Érika Hilton, não participaram das conversas.

Quem também é líder e ficou de fora das tratativas foi a deputada Benedita da Silva. Líder da bancada negra da Casa Baixa, ela reclamou da dificuldade de tratar sobre temas femininos. “Chegar numa casa majoritariamente masculina para tratar de uma pauta de mulher não é fácil. Hoje, eles dizem que é uma questão identitária. Se quiserem tratar como questão identitária, tratem, mas eu vou lutar para dizer que somos maioria da população, mas somos as que ganhamos menos, as que moramos mal, as que não tem direito a coisa nenhuma e a gente prova que somos um país de preconceito, um país racista”, apontou.

Hoje, a Câmara dos Deputados conta com 92 duas mulheres e 421 homens — só 18% da casa é feminina. No Senado, são 14 mulheres e 67 homens. “Nós sabemos que nossa correlação de forças no Congresso é pequena e que as ideologias que permeiam vários segmentos nesta casa traz a marca de que o saber é do homem. Você tem, majoritariamente, um Congresso masculino e, no meu caso, masculino e branco. A gente passa, primeiro, pelo teste das ruas e nós vivemos em uma sociedade preconceituosa”.

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