Foco na comunicação, Centrão turbinado e espólio de Bolsonaro: os desafios de 25
João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais
Foco na comunicação, Centrão turbinado e espólio de Bolsonaro: os desafios de 25
Governo busca fortalecer contato com a população e vai mudar ministérios de olho nas eleições. Oposição começa a lançar candidatos para viabilizar substituto de Bolsonaro
As movimentações de olho em 2026 já começaram. E é dos dois lados do espectro: direita e esquerda querem viabilizar nomes para as próximas eleições gerais. Pelo Governo, o nome de Lula é unanimidade. O atual presidente é o representante mais forte da esquerda brasileira há mais de 30 anos e continuará sendo a aposta para 2026. O problema é que Lula já vai ter mais de 80 anos e as recentes cirurgias dão à oposição a oportunidade de explorar a fragilidade da saúde do presidente, tal qual Donald Trump fez com Joe Biden nos Estados Unidos.
Não há substituto viável para o atual mandatário do país. A aposta em 2018, Fernando Haddad, perdeu popularidade. A falta de carisma do ministro da Fazenda é um dos fatores que faz o PT pensar em outros nomes caso Lula decida não disputar as eleições. A fila, porém, é curta: o ministro da Educação, Camilo Santana, é a segunda opção de Lula, mas o PT quer testar outros possíveis presidenciáveis.
No Palácio do Planalto, não há preocupação com uma possível desistência de Lula. A ideia por lá é reforçar os feitos e a vitalidade do presidente já em 2025. Para isso, a principal mudança é na estratégia de comunicação. Lula tem em mente que o governo entrega muito e divulga pouco, comunica errado. Sidônio Palmeira deve assumir a Secretaria de Comunicação na vaga de Paulo Pimenta.
Troca pode afetar José Guimarães
A substituição de Pimenta na Secom é praticamente certa, mas Lula não pretende deixar o aliado sem cargo. Para o presidente, Pimenta sempre serviu a ele e ao PT com lealdade e colocá-lo em evidência é a oportunidade de elegê-lo governador do Rio Grande do Sul.
Como a reforma ministerial deve tirar pastas do PT, também é improvável manter Paulo Pimenta na Esplanada. Assim, a ideia é fortalecer o petista na Câmara dos Deputados. Ele pode, então, ocupar a vaga de José Guimarães, como líder do governo. Outra possibilidade é a presidência de alguma comissão, algo que não agrada Pimenta.
Centrão com mais poder
O já poderoso Centrão vai ficar ainda mais turbinado em 2025. O PSD vai receber tratamento VIP do governo. A ideia do PT é formar uma chapa com o partido de Gilberto Kassab nas próximas eleições. A sigla foi a que elegeu mais prefeitos em 2024 e avalia a aliança com Lula em 26. O preço, porém, seria a cabeça de chapa em 2030, algo que ninguém tirou do PT desde a redemocratização.
O PP quer um ministério grande - top 6 em orçamento - e já tem nome para isso: Arthur Lira. O presidente da Câmara alega que facilitou a vida de Lula nos dois primeiros anos de governo e quer Saúde ou Desenvolvimento Regional. As duas pastas são responsáveis por quase 60% das emendas parlamentares.
E a direita?
Pela direita, os movimentos são mais esparsos. Ronaldo Caiado busca mais visibilidade; Romeu Zema tenta nacionalizar seu nome; Ratinho Junior busca apoio dentro do próprio partido; e Tarcísio de Freitas ainda vai decidir se desiste de se reeleger em São Paulo para brigar pela presidência. Nome de consenso, porém, como era Jair Bolsonaro, não há. O ex-presidente segue inelegível e as chances de ser preso são altas, o que ainda o impede de concorrer em 2026.
O espólio de Bolsonaro, aliás, é o grande alvo dos direitistas. Com ele fora do páreo, os outros quatro tentam conquistar os corações e os votos dos bolsonaristas. Até o cantor Gusttavo Lima entrou na jogada. Jair, porém, se mostra cético a passar o bastão. Como ainda sonha em voltar aos holofotes, o ex-presidente está mais inclinado a indicar um nome da família para, depois, voltar ao poder.
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