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Anistia, greve de fome e silêncio
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João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais

Anistia, greve de fome e silêncio

PL da Anistia ganha adeptos na Câmara, mas governo vai tentar retirar assinaturas. Enquanto isso, Glauber Braga faz greve de fome na Câmara e Hugo Motta faz greve de silêncio
Tipo Notícia
A ministra Gleisi Hoffmann e o ministro Sidônio Palmeira visitaram o deputado federal Glauber Braga, na Câmara dos Deputados (Foto: Leandro Rodrigues/ASCOM-Sâmia Bomfim)
Foto: Leandro Rodrigues/ASCOM-Sâmia Bomfim A ministra Gleisi Hoffmann e o ministro Sidônio Palmeira visitaram o deputado federal Glauber Braga, na Câmara dos Deputados

Se fosse para colocar nome de filme, no que ocorre na Câmara dos Deputados, seria algo como "Tudo em todo lugar ao mesmo tempo". É oposição colhendo assinaturas, governo tentando apagar as subscrições, indígenas em conflito com a polícia, cassação de mandatos…  Os focos, porém, estão em dois lugares: nas assinaturas pelo requerimento de urgência do Projeto de Lei da Anistia e no plenário 5 da Casa - local onde o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) dorme e faz greve de fome.

Sobre o PL da Anistia, o projeto ganhou fôlego na última semana, quando conseguiu 260 assinaturas para protocolar o requerimento de urgência. Quando o governo se deu conta do número de apoiadores, começou a articular a retirada das subscrições. Escalou ministros de MDB, União Brasil e PSD para que os deputados dessas siglas, que fazem parte da base do governo, retirem as assinaturas.

Entre os parlamentares cearenses, oito assinaram o documento: André Fernandes, Matheus Noronha e Dr. Jaziel, do PL; Danilo Forte, Dayany Bittencourt e Moses Rodrigues, do União Brasil; Luiz Gastão, do PSD; e AJ Albuquerque, do PP. Governistas prometem conversar com Moses Rodrigues para que ele retire a assinatura. Para o Palácio do Planalto, Moses é um parceiro do governo e há possibilidade de diálogo.

Outro nome que surpreendeu o governo na lista foi o de Renata Abreu, presidente do Podemos. O partido indicou Douglas Figueredo para a presidência do Grupo Executivo de Assistência Patronal (GEAP). Ele pode perder o cargo caso a sigla não retire os apoios. "Quem é governo assinar um projeto como esse, que coloca o Brasil em uma crise institucional, não é razoável", afirmou Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara.

Greve de fome

Em sessão conturbada, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou a cassação do deputado Glauber Braga. A partir daí, o deputado começou a morar no plenário 5, local onde a decisão colegiada foi tomada, e a fazer greve de fome. Há 5 dias, Glauber só consome água, água de coco e isotônicos e já perdeu 4 quilos.

A medida extrema preocupa parlamentares, que articulam uma forma de livrar o deputado da cassação. O difícil vai ser combinar isso com Arthur Lira e Hugo Motta. Glauber não é só rival, mas também é desafeto de Lira. O ex-presidente da Câmara é o maior patrocinador da cassação e chegou a enviar interlocutores para conversar com a equipe do deputado. O pedido é ‘simples’: Glauber deve pedir desculpas pelas denúncias feitas ao orçamento secreto e como Lira se beneficiou disso. O psolista jamais pensou em aceitar.

Greve de silêncio

O caso escalou, ganhou notoriedade e vai emparedar a Câmara dos Deputados. Será possível a Casa cassar, no mesmo semestre, dois parlamentares por motivos tão diferentes? Um deles mandou matar Marielle Franco; o outro chutou as nádegas de um integrante do Movimento Brasil Livre.

O presidente Hugo Motta parece dar aval à cassação de Glauber. Ao adiar a sessão deliberativa, algo que nunca tinha feito como presidente da Câmara, para garantir a votação no Conselho de Ética, Hugo mergulhou no caso. Procurado, ele não responde. Nem a jornalistas, nem a deputados. Taliria Petrone, líder do PSOL, tentou ligar para ele por 10 vezes e ele não atendeu. Hugo faz greve de silêncio, mas será impossível dissociar a imagem dele à possível perda de mandato de Glauber Braga.

 

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