
Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará
Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará
O ano era 2017. Bolsonaro era só um deputado do chamado Baixo Clero da Câmara. O presidente da República era o emedebista Michel Temer e o PT lambia as feridas do impeachment de Dilma e dos escândalos prospectados em seu governo. Foi quando a Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, revelou que o discurso petista não fazia conexão com os eleitores pobres com histórico de voto na sigla. O alerta veio de uma pesquisa. O centro de estudos entrevistou 63 moradores da periferia de São Paulo. Em comum, o voto no PT de 2000 a 2012, mas o não-voto em Dilma Rousseff no ano de 2014 e tampouco em Fernando Haddad em 2016.
O recado do levantamento falava direto com o teor dos discursos petistas de então, eivados de críticas a medidas ditas liberais na economia e a exortar trabalhadores a lutar contra os interesses das chamadas elites. O resultado ali mostrava que os eleitores não viam uma luta de classes com patrões versus trabalhadores. Na verdade, enxergavam ricos e pobres no mesmo barco lutando contra uma mesma procela: um Estado cruel, cobrador de impostos em excesso, burocrático e sem devolver serviços de qualidade.
Ao contrário do lamento ou de um sentimento de coitadismo, haveria sim uma "ideologia do mérito". Algo como meritocracia, tão satanizada pela Esquerda. Dentre os entrevistados, um recorte importante em São Paulo, existia ainda empatia com histórias de superação e sucesso. Naquele ano, admiração por Lula e por João Doria. Os brasileiros ouvidos estavam mais preocupados em ascender socialmente de forma individual. O eleitor cingiria sua ideia de comunidade a dimensões de família, vizinhos e igrejas (sobretudo neopentecostais).
Os eleitores ouvidos pela Fundação petista demonstraram também o que seria a "sobrevalorização" do mercado sobre o Estado. Algo como um "liberalismo das classes populares". "[O eleitor] tem a igualdade de oportunidades como ponto de partida e a defesa do mérito como linha de chegada. Trata o mercado como instituição mais crível que o Estado, a esfera privada mais relevante que a pública e cultiva mais o individualismo do que a solidariedade. Tem como valores prioritários o sucesso, a concorrência, o utilitarismo e a mercantilização da vida", dizia o estudo.
Noutros termos, nos idos de 2017 a falta de encaixe entre o discurso petista e o eleitorado já era gritante. Assim, conceitos recorrentes no partido, como esquerda, direita, conservadorismo e progressismo eram abstrações para o distinto público. "O campo democrático-popular precisa produzir narrativas contra-hegemônicas mais consistentes e menos maniqueístas ou pejorativas sobre as noções de indivíduo, família, religião e segurança", concluía o estudo.
O presidente da Fundação Perseu Abramo era o hoje presidente do IBGE, o economista Marcio Pochmann. Ele lia o resultado como retrato de uma nova classe trabalhadora brasileira, nascida sobretudo do setor de serviços, e não da indústria, esta com relações umbilicais com o PT. "É um segmento relativamente novo para o partido, que ascendeu e passou a ter expressão eleitoral. Cabe portanto conhecê-lo melhor, entender sua lógica de funcionamento", dizia Pochmann.
Pois bem, Lula venceu as eleições em 2022 por muito pouco. Hoje, a despeito dos graves indícios de golpismo a pairar sobre o ex-presidente Bolsonaro, afora suas seguidas demonstrações de desprezo pelas instituições e pela liturgia do cargo, ainda assim, atrai uma legião de apoiadores expressiva. As eleições deste ano serão um termômetro, mesmo com o peso local importante em se tratando de eleição municipal. Até que em 2026 estará o PT diante do desafio de encantar um eleitor apresentado ao discurso dele e a algo mais elaborado do que Bolsonaro. Um Tarcisio de Freitas da vida.
PECÉM
Cerca de 12 mil kits de transmissão de motocicletas apreendidas no Porto do Pecém por não apresentarem a certificação obrigatória do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) serão incinerados na terça-feira de manhã. Ao todo são 23 toneladas de peças falsificadas. A ausência da certificação impede a verificação da conformidade dos kits de transmissão com as normas de segurança, qualidade e desempenho estabelecidas no Brasil. As indústrias marcam colado. Alegam que a falsificação e contrabando no mercado geram para as indústrias prejuízo estimado de US$ 20 bilhões ao ano. As peças falsificadas podem ser até oito vezes menos duráveis que as originais. Baixa durabilidade e riscos à segurança. Hoje o kit de transmissão é o líder de vendas no mercado de peças de reposição.
TRÊS EMPRESAS TÊXTEIS
Na próxima quarta-feira, 24, o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiec), Ricardo Cavalcante, vai entregar o Selo ESG-Fiec para mais três empresas que foram auditadas e certificadas pela Bureau Veritas. A cerimônia será às 9 da manhã, na sede da Fiec. O selo será entregue às empresas Benatêxtil, Jaguatêxtil e Multicor, todas do ramo têxtil. "Nosso objetivo com esta iniciativa é não apenas validar as práticas atuais, mas também inspirar outras indústrias cearenses a seguir o mesmo caminho", disse a coordenadora do Núcleo ESG-Fiec, Alcileia Farias.
INSEGURANÇA
Reforma tributária não coopera
A tributação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) no ingresso dos valores é o grande ponto que irá prejudicar e até inviabilizar o funcionamento das cooperativas. Elas dão de ombros porque não ficam com lucros, mas sim, com despesas administrativas. Repassam todo o restante (muitas vezes 98% do ingresso) para os cooperados. Para além da insegurança jurídica, a tributação dos rendimentos dos cooperados pode ter um impacto negativo na atratividade do cooperativismo. "Se a carga tributária for muito alta, os cooperados podem optar por trabalhar em outras modalidades, o que pode enfraquecer o setor como um todo", alerta o presidente da Cooperativa dos médicos traumatologistas e ortopedistas (Coomtoce), Leonardo Drumond.
GUARAMIRANGA
Chegou ao hotel Vale das Nuvens, em Guaramiranga, um helicóptero Bell Huey, mais uma atração para o museu com mais de 500 itens. A aeronave participou da Guerra do Vietnã. O espaço procura destacar as memórias dos alunos da turma de 1973 da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar). O prédio é uma réplica da Epcar, em Barbacena (MG), onde o fundador do hotel, Joaquim Caracas, estudou e chegou perto de ser aviador. Também preserva a história da aviação, ao apresentar as personalidades nascidas em Guaramiranga fundamentais ao desenvolvimento da aeronáutica. Em janeiro de 2023 foram inaugurados dois novos espaços: Luiz Severiano Ribeiro, fundador da maior rede de salas de cinema do País e natural de Baturité, e o Museu da Engenharia Turma 1977-1 da UFC.
Preá - O Grupo Carnaúba fará a inauguração oficial do Vila Carnaúba na próxima sexta-feira, 26, na Praia do Preá, em Cruz. O cofundador Julio Capua será anfitrião.
La même chose - A chuva de memes sobre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada, é normal. Quem está no poder está sujeito. Mas a insistência na pauta por meios de comunicação foi exagerada.
Atlântico - O Instituto Atlântico é um dos finalistas do Prêmio Melhores do Ano 2024, promovido pelo PMI Ceará Chapter. O Atlântico chegou à final com o projeto "AllocUP - Dando um UP nas alocações de pessoas do Instituto Atlântico". O Instituto está concorrendo ao lado de 3 Corações e Magnesium do Brasil, ambas também do Ceará. Os vencedores serão anunciados na 4ª edição do Congresso Regional de Gestão, Projetos e Liderança (CRGPL), dia 2 de agosto, em Fortaleza.
Aviões - O BNDES concluiu o contrato de financiamento para exportação de 32 jatos comerciais E175 da Embraer para a American Airlines. A operação, da ordem de R$ 4,5 bilhões, ocorre por meio do BNDES Exim Pós-embarque, linha de crédito direto do Banco para comercialização de bens nacionais destinados à exportação.
Cota - O Sebrae nacional abre amanhã as inscrições de processo seletivo, com preferência, para pessoas negras. Ao todo são 11 vagas imediatas, com formação de cadastro reserva para todos os cargos. Os salários variam de R$ 14,9 mil a R$ 18,7 mil, mais benefícios. Para trabalhar em Brasília.
Sanções - O mês de abril passado registrou aumento nas sanções a correspondentes por irregularidades na concessão de crédito consignado. Foram nove medidas administrativas, sendo cinco advertências e quatro suspensões temporárias. Com isso, subiu para 1.340 as medidas aplicadas pela Autorregulação do Consignado desde o início de sua vigência, em março de 2020. As medidas punitivas foram aplicadas em maio. No Ceará, houve duas punições: Anjos CE e Credmais. O acompanhamento e a aferição das ações irregulares são feitos por várias fontes de informação, que refletem as reclamações dos consumidores. As infrações às regras podem acarretar às instituições financeiras multas que variam de R$ 45 mil a R$ 1 milhão. Os valores arrecadados são destinados a projetos de educação financeira.
Franquias - Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) indicam que o mercado de franquias no 1º trimestre cresceu, registrando crescimento nominal de 19,1% na comparação com o mesmo período de 2023. O faturamento geral do setor no período de 12 meses ultrapassou os R$ 250 bilhões. No Nordeste, houve um crescimento, com faturamento de mais de R$ 8,6 bilhões no 1º trimestre de 2024. Isto dá um aumento de 19,9% versus o ano anterior. Já em número de unidades de franquia, o crescimento foi de 2,6% chegando a 27.570 mil operações no período.
Imprevisível - Nunca foi tão imprevisível uma eleição em Fortaleza. A Cidade tem um desenho eleitoral que caminha para ter um nome da esquerda, que não é bem esquerda, o que é bom para ele, Evandro Leitão (PT). Tem um prefeito candidato à reeleição, José Sarto (PDT), o que já o coloca como cotado para o segundo turno; tem um influencer e deputado bem votado a avançar nas pesquisas de intenção de voto, André Fernandes (PL); um ex-candidato bem votado outrora e dessa vez em situação mais litúrgica, porém, por isso mesmo um tanto dúbia porque não mais encarna o bolsonarismo, Wagner Sousa (União), o capitão; e ainda um senador da República a disputar o latifúndio de votos à direita, Luiz Eduardo Girão (Novo).
Convenções - O prazo para as convenções começou a contar desde ontem e vai até o dia 5 de agosto. Este é o prazo para que todas as dúvidas sejam respondidas. Quem serão as pessoas a ocupar as vagas de vice? Até o fechamento desta edição, a vice de Evandro seria uma jovem cearense. Há três cotadas, com perfis distintos Duas delas, embora unidas no campo político e com atributos familiares, o que é ruim em pleno 2024. Sabe-se que as mulheres têm prioridade na chapa de Evandro, por conta de uma suposta preocupação feminina em ver uma mulher na chapa. A cobrança da base petista pesa.
Mulheres - Há pelo menos três mulheres na disputa. Uma delas a ex-secretária da Cultura, Luisa Cela, filha da ex-governadora Izolda Cela (PSB) e do ex-prefeito de Sobral Veveu Arruda. Izolda será a candidata a prefeita de Sobral, onde Veveu já governou e onde Izolda já dirigiu a Educação, em gestões distintas. Luísa até falou demais quando afirmou que, na hipótese de não sair candidata, tem lugar certo na Secult, onde deixou a adjunta a tomar conta da cadeira, Gecíola Bezerra.
Tauá-Fortaleza - Na outra ponta da mesa a deputada estadual de primeiro mandato Gabriella Aguiar (PSD). Embora novata, a médica geriatra é filha da prefeita de Tauá, Patrícia Aguiar, e do ex-vice-governador Domingos Filho; irmã do deputado federal em quarto mandato Domingos Neto, e neta de Domingos Aguiar, ex-prefeito de Tauá. No caso de Luísa, a preferência do senador Cid Gomes (PSB), no caso de Gabriella a indicação do presidente do PSD no Estado, o pai, Domingo Filho, e o presidente em Fortaleza, Luiz Gastão.
Fontes - O Santander Brasil ampliou o número de clientes correntistas do Ceará que podem escolher a fonte da sua própria energia. Agora, clientes do estado que pagam a partir de R$ 150,00 mensais em suas contas de energia podem aderir ao consórcio de geração distribuída da FIT Energia, coligada do Santander. Podem ter acesso a energia limpa e renovável gerada em fazendas solares e parques eólicos espalhados pelo País. Sem nenhum tipo de obra ou investimento, os interessados terão economia em relação à tarifa praticada pela distribuidora local. Antes, o valor mínimo exigido para acessar o sistema era de R$ 250,00.
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