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Sarto demorou para investir na imagem de gestor e ainda usa outra fantasia
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Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará

Sarto demorou para investir na imagem de gestor e ainda usa outra fantasia

Os números do candidato à reeleição José Sarto (PDT) no Datafolha mostram queda nas intenções de voto - de 23% para 18% - e baixa aprovação - 21% de ótimo ou bom apenas. Sarto terá de correr para conseguir reversão, mas tem investido na imagem de tik toker, não de bom gestor
SARTO tem melhora de popularidade, mas nada excepcional (Foto: Matheus Souza)
Foto: Matheus Souza SARTO tem melhora de popularidade, mas nada excepcional

A leitura dos números da nova pesquisa Datafolha mostra que José Sarto (PDT) e o Capitão Wagner (União) são os dois candidatos com menos votos hard, aqueles mais firmes. Isto indica que são eles os dois nomes mais suscetíveis a perder votos para outros. Esta foi a provável razão para o desvio de percentuais expressivos em cerca de 20 dias. O derretimento aconteceu quando a campanha esquentou. Sarto caiu de 23% para 18%.

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Noutros termos, os números apontam ser discutível fazer o homem que lê Tolstói atuar como personagem de Toy Story. Ou ainda o poliglota falar na linguagem do Tik Tok. Pode ter sido inventivo em algum momento, em clara inspiração no jovem João Campos (PSB), com reeleição tranquila em Recife. Foi talvez útil ante a necessidade de ganhar terreno entre os mais jovens, mas mostra-se frágil quando não consegue manter o eleitor quando este começa a pensar de fato o voto.

Outro aspecto: os dois candidatos que têm votos mais consistentes são justamente os nomes claramente vinculados à direita e à esquerda. Um bolsonarista (André Fernandes, PL) e um lulista (Evandro Leitão, PT). Nesta hora, supostamente, está a emergir a dicotomia nacional. Embora analistas repitam ad nauseam ser a eleição municipal muito local, ao contrário da estadual, há de considerar a dimensão que o maniqueísmo tomou no pensamento do eleitor. Nem tanto no sentido da influência direta de Lula e Bolsonaro, dois líderes populistas, mas na passionalidade envolvida de modo espontâneo.

Em se tratando de um prefeito candidato à reeleição, a leitura da avaliação da gestão é muito relevante. E nesse aspecto Sarto não está bem. E aqui não entram necessariamente as virtudes, mas a percepção delas. Em plena marca de três anos e oito meses de mandato, ele amarga uma aprovação como ótimo e bom por apenas 21% dos pesquisados. Eram 25% em agosto. Na comparação com antecessores em período semelhante no primeiro mandato, ele obteve a taxa de aprovação mais baixa e a de reprovação mais alta. O Juraci de julho de 2000 tinha 51% de ótimo ou bom. A Luizianne de agosto de 2008 exibia 44% de ótimo ou bom. Já o Roberto Cláudio de agosto de 2016 possuía 34% de ótimo ou bom - e eram os três mais carismáticos.

Assim, ante a avaliação pífia e queda na intenção de voto, uma leitura possível é de que Sarto demorou muito para mostrar gosto pela missão. Em verdade, há sim uma diferença visível no ritmo da Prefeitura de hoje versus o começo. Contudo, Sarto pode ter deixado para muito tarde o empenho por construir a imagem da gestão. E, ainda assim, aparece para o público não com a indumentária de bom gestor, mas de tik toker.

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