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Agro paga pato dos ilegais, diz ex-ministro
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Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará

Agro paga pato dos ilegais, diz ex-ministro

Ministro da Agricultura no Governo Lula I, o professor emérito da FGV Roberto Rodrigues cita uma série de argumentos contra a imagem satanizada do agro. "Vamos pagando um pato que não merecemos", diz ele, que defende combater as ilegalidades no País
Tipo Opinião
Páginas Azuis: Roberto Rodrigues, ex-ministro de Agricultura no Governo Lula I, em entrevista especial ao O POVO em abril de 2017 (Foto: Mauri Melo/O POVO). (Foto: MAURI MELO)
Foto: MAURI MELO Páginas Azuis: Roberto Rodrigues, ex-ministro de Agricultura no Governo Lula I, em entrevista especial ao O POVO em abril de 2017 (Foto: Mauri Melo/O POVO).

O ministro da Agricultura no primeiro Governo Lula, o professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues, adverte que a COP 30, a ser realizada em Belém no mês de novembro, é estratégica para demonstrar ao mundo o quão sustentável é o agronegócio brasileiro. Ele cita uma série de argumentos que se contrapõem à imagem pejorativa pintada pelo senso comum. "Vamos pagando um pato que não merecemos", diz. Ele elenca o fato de a matriz energética do Brasil ser 49% renovável, enquanto no mundo no máximo 15%. "Tem hidrelétrica, solar, eólica, mas tem biomassa e metade dela é da agricultura". Cita o etanol de cana e de milho; o biodiesel de soja e de palma, além do biometano. "Metade da nossa sustentabilidade é da agricultura". 

Roberto cita 10 milhões de hectares de floresta plantada. "Se tivéssemos competência para mostrar isso para o mundo na COP 30, a agricultura ganharia dimensão real". Ele conversou com a rádio O POVO CBN esta semana, quando ponderou que, "infelizmente, toda essa beleza do agro sustentável é prejudicada por imagem negativa causada por desmatadores ilegais, garimpo clandestino e invasão de terra". Segundo ele, não são práticas dos agricultores. "O Brasil tem que acabar com as ilegalidades. Temos que acabar com o que é ilegal sob pena de nunca acabar essa imagem", exortou.

Metade das exportações brasileiras vem do agro. Ele adverte que mais importante do que o volume vendido é o saldo comercial. Outros setores importam mais do que exportam. "Em 2023, o saldo do agro foi de R$ 100 bilhões. O do Brasil R$ 90 bilhões, porque os demais setores deram déficit de R$ 50 bilhões". Ele lê que a dependência da China como mercado consumidor é amainada pelo que chama de codependência. "Eles também dependem do Brasil". Mas sugere que busquemos mais mercados. "Aumentar a produção é fácil para o País. Tenho batido muito nesse tema. Aumentar a produção para nós não é difícil". Roberto sugere mais acordos comerciais. 

Ministro ok, mas Embrapa podada

O ex-ministro evitou fustigar o Governo Lula, embora já tenha manifestado preocupação com o que definira como falta de visão estratégica para o setor. “Na prática, não há nada negativo”. Ele elogiou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. “É agricultor, senador, foi vice-governador do Mato Grosso. É um bom ministro, que conhece. A questão é muito mais uma questão de comunicação. As ações concretas são positivas. O Brasil tem procurado crescer com regras adequadas". Mas alertou para o orçamento da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) - o menor de sua história. “É muito ruim. O que trouxe a gente até agora foi a pesquisa pela Embrapa, o em empreendedorismo e as políticas públicas. E essas coisas continuam ainda existindo". A agenda problemática, incluindo questões no meio-ambiente e terras indígenas, não passam pela agenda do ministro da Agricultura.

A Embrapa fechou 2024 com déficit orçamentário geral de cerca de R$ 200 milhões. Para este ano, a previsão é tenebrosa. É esperado que o orçamento para custear a pesquisa de ponta seja murcho. Para 2025, a proposta enviada pelo Governo ao Congresso é de R$ 137,4 milhões. No ano passado, seriam R$ 203,1 milhões. O valor acabou sendo podado para R$ 176,5 milhões.

A dose dos agrotóxicos

E o que dizer da polêmica envolvendo a liberação da pulverização de agrotóxicos por drones no Ceará, defendida e aprovada pelo governador Elmano de Freitas (PT)? O tema foi motivo de muita reação da Esquerda contra Elmano, ex-advogado do MST e um dos autores da lei que proibiria o uso de aviões para a aplicação. Para Roberto, há leituras distorcidas sobre o tema. "Só no Brasil se chama agrotóxico. É o remédio para a planta. Para humanos, não chamam humanotóxicos". Ele defende o uso como necessidade para proteger a planta de pragas. "O problema está na dose. Às vezes alguém erra e acontece acidente de percurso. Tem que usar na dose certa. Se for bem tratado, acabou o problema". 

 

TRANSPORTE PÚBLICO

Motos na casa do sem jeito? Não

A Prefeitura de São Paulo quer brigar com a 99. Pediu à Justiça multa de R$1 milhão por dia para a empresa pela insistência em operar serviço de moto por app na cidade. Então, o 99Moto roda à vontade em Fortaleza e outras cidades. A propósito, a disseminação do serviço (também operado por Uber Motos e mototáxis - há anos) é efeito óbvio do tipo de transporte público oferecido ao contribuinte. Houvesse ônibus, trem e metrô de qualidade, existiria menos gente disposta a arriscar o tornozelo e a vida até. E a conta é atuarial. O IJF em Fortaleza e a Previdência Social que o digam. À Prefeitura e Governo (que voltou a agir no trânsito da Capital, ressuscitando o Bptran em forma de BPRE) caberia agir no antes e no depois. Antes para melhorar o transporte e depois aplicando o Código de trânsito com rigor. Haveria mais leitos disponiveis nas UPAs, Frotinhas e Frotão. Mas é antipático e ninguém parece se interessar muito por isso.


AZUL E AMARELO QUEIMADO

Fusões salvam e também aniquilam

Azul e Gol assinaram o memorando de entendimento que, a ser cumprido, confirmará a fusão. Falta o aval do Cade e da Anac. Dando certo, acontece em 2026. Juntas, teriam 60% dos passageiros. A Gol deve cerca de R$ 20 bilhões nos EUA. Lá, tenta fechar RJ. A fusão geraria controle meio a meio. Contudo, vai depender do que negocie nos EUA. Caso muito avariada, pode ter menos de 50%. Fusões salvam, mas são ruins para quem está no entorno. Há demissões, uma concorrente a menos, uma conta publicitária a menos, uma opção de trabalho a menos.

HAVAN

Hang distribui lucros com empregados

O empresário Luciano Hang, dono da Havan, fez um evento na sexta-feira para comemorar o pagamento do Programa de Participação nos Resultados (PPR). O evento aconteceu no Centro Administrativo Havan, em Brusque (SC), e foi transmitido ao vivo para os mais de 22 mil funcionários da rede. O valor distribuído do PPR foi de R$ 70 milhões. Foi como um salário a mais no ano, o 14º. O pagamento costuma ser feito em fevereiro, mas foi antecipado. Ele diz fazer isso desde 2007, quando a Havan operava apenas 11 lojas. Hoje, ele fareja terreno em Fortaleza.

PRIMEIRA MULHER

Posse festiva da OAB quando fevereiro chegar

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE) fará posse com festa da nova presidente, Christiane do Vale Leitão, dia 4 de fevereiro. Ela estará à frente da Ordem até 2027. A primeira presidente mulher desde a fundação em 1933 tomará posse no Centro de Eventos. O presidente da OAB Nacional, Beto Simonetti, vem. Também assumem os membros dos conselhos estadual e conselho federal da OAB-CE, a diretoria e o conselho fiscal da Caixa de Assistência dos Advogados do Ceará (Caace), e a diretoria e o conselho da Escola Superior de Advocacia do Ceará (ESA-CE). Dia 3 já houve a posse administrativa. Amanhã, ela estará no programa O POVO no Rádio, na rádio O POVO CBN. Começa às 9 horas.

O TEMPO VOA

Vale avança com hidrogênio verde na Arábia Saudita

O Ceará corre com a agenda do hidrogênio verde, mas o mundo é um moinho e o Ceará não está sozinho. A maior produtora de petróleo do mundo, a Arábia Saudita, toca a sua agenda pós era fóssil. E faz isso com uma sócia brasileira. A Vale fará um hub verde no país, em Ras Al Khair. O projeto é siderúrgico e terá capacidade instalada para produzir até 12 milhões de toneladas de briquetes de minério de ferro. Os briquetes são um novo tipo de aglomerado de minério de ferro a exigir  usar menos ou nenhum carvão na produção de aço. Em vez dele, usam-se gás ou hidrogênio verde.

HORIZONTAIS

Abri a porta - Já ex-governador, Ciro Gomes contava a amigos que nos tempos de Palácio do Cambeba, a então sede do Poder no Ceará, não abria nem portas. Nem era metáfora. Era literal mesmo. No Poder, sempre haverá um subordinado disposto a se subordinar e a puxar o trinco. Nestes dias de mudança de coroa nas prefeituras Brasil afora, acontece o mesmo. Os convites para almoçar também começam a rarear. Os presentes que chegam já são por engano.

Como assim? - Tem estacionamento a R$ 35,00 na Varjota. Sim, não é na Vila Nova Conceição ou Pinheiros. Fortaleza não é São Paulo, bem observa o jornalista Nazareno Albuquerque. O mercado é livre e a mão invisível dele é a mesma que emite o tíquete. Turatti e suas marcas - três casas - é o nome da choperia que rentabiliza bem o terreno. Poliana acredita ser uma forma de induzir os clientes a irem de carro de aplicativo.

Duas torres - A Moura Dubeux fará duas torres de 50 andares na Beira Mar. Será no local do hotel Seara.  

Palito - A Kibon anunciou a volta dos palitos premiados para picolés. Vai fazer na linha Fruttare. Quem viveu os anos 1990 e 2000 sabe o que significa. Vai até 16 de março. Mas só no litoral paulista.

 

Foto do Jocélio Leal

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