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O POVO não presente
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Joelma Leal assume como ombudsman do O POVO no mandato 2023/2024. É jornalista e especialista em Marketing. Atuou como editora-executiva de sete edições do Anuário do Ceará, esteve à frente da coluna Layout por 12 anos e foi responsável pela assessoria de comunicação do Grupo, durante 11 anos.

Joelma Leal ombudsman

O POVO não presente

Há alguns anos, o slogan do O POVO era "você presente", mas não é o que foi observado
Tipo Opinião
Reprodução da manchete da capa do O POVO da última sexta-feira, 21 (Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução Reprodução da manchete da capa do O POVO da última sexta-feira, 21

A última quinta-feira, dia 20 de junho, foi - no mínimo - turbulenta e insólita. Se, a princípio, a visita do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seria o único evento principal da Cidade, logo no período da manhã, o planejamento caiu por terra.

Chacina em Viçosa do Ceará, incêndio no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), feminicídio em Caucaia e morte da coreógrafa Regina Passos complementaram a lista de notícias fortes do dia.

Dito isso, chamou a atenção o portal O POVO que, por volta das 8 horas da quinta-feira, mantinha uma manchete "fria", levando para a reportagem da edição impressa, relacionada à consciência ambiental. É um tema relevante? Sem dúvida! No entanto, diante de uma tragédia de tamanha dimensão não há o que pensar.

Se havia a notícia acerca da chacina que levou sete pessoas à morte? Sim, havia. A matéria sobre o assunto foi publicada às 7h37min, mas ficou apenas como uma simples chamada. Em comentário interno, fiz o questionamento: o que seria mais importante que o fato? Qual o critério de noticiabilidade?

No decorrer do dia, os anúncios de investimentos do presidente Lula, os informes sobre o incêndio e atualizações relacionadas à segurança pública dividiram as plataformas. No início da noite, O POVO News, no YouTube, trouxe um resumo dos acontecimentos. Aqui um adendo, o programa vai ao ar às 18 horas, no entanto apresentou um vídeo da repórter momentos antes da entrega de unidades habitacionais no "Residencial Cidade Jardim 1 - Módulo III", no bairro José Walter, em Fortaleza. Além de informar que a entrega ocorreria em Maranguape, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), o programa traz informações desatualizadas, levando em conta o horário que a atração foi ao ar.

A falta que o "in loco" faz

Observar, apurar, questionar. Somente assim, é possível apresentar uma cobertura completa, seja lá qual for o tema.

Na mesma quinta-feira mencionada acima, há dois momentos em que foi possível sentir a ausência de um repórter na base: tínhamos profissionais na Base Aérea, onde o presidente chegou à Cidade junto de sua comitiva? Não vi.

O outro que percebo ser o mais grave foi o não envio de equipe ao local da chacina. Viçosa do Ceará fica a 360,5 quilômetros de Fortaleza. Que fossem destacados profissionais até lá, ora. Fazendo comparação, no fim do ano passado, fotógrafo e repórter foram à região, a fim de colher material focado no litígio Ceará x Piauí. Tanto impresso como OP publicaram conteúdos detalhados acerca do imbróglio, mostrando as percepções dos moradores, o cotidiano dos locais e minúcias que somente estando lá para obter.

A edição impressa da sexta-feira, 21, trouxe notícias sobre os assuntos mais fortes citados acima. Excetuando o caso de feminicídio em Caucaia, todos os outros (incêndio, visita do presidente e morte da Regina Passos) foram destaque na primeira página.

A reportagem de página dupla do dia reuniu conteúdos oriundos das editorias Cidades, Economia e Política, todas voltadas para os anúncios do presidente Lula, que no dia anterior havia concedido entrevista exclusiva, por e-mail, ao O POVO.

As informações acerca da chacina de Viçosa do Ceará, a maior do Estado, desde 2020, ocupou uma página quase inteira (parte dela citava dois homicídios no bairro Barroso, em Fortaleza, na mesma data). Além do histórico de chacinas locais, a matéria informava sobre a identificação das vítimas, falas do governador Elmano de Freitas (PT), via redes sociais, e declarações dadas pelo atual secretário da Segurança Pública, Roberto Sá, em coletiva. Nenhuma informação exclusiva.

Há alguns anos, o slogan do O POVO era "você presente", mas não é o que foi observado.

Vídeo sobre feminicídio

O perfil do O POVO no Instagram veiculou no início da semana um vídeo sobre feminicídio. Um assunto que, infelizmente, está presente com frequência nas páginas e telas.

O que seria um ponto positivo acabou tendo efeito contrário, diante da sequência de falhas relacionadas à revisão. Logo no início, são citadas três mulheres, no entanto em seguida é dito "ambas" em referência às três. No decorrer do vídeo, equívocos na legenda, concordância verbal e demais falhas.

"Bem importante divulgar dessa forma, mas tenho que reforçar o cuidado que se deve ter tanto na fala quanto na escrita correta e equivalente das legendas. Feminicídio sem acento; Houveram casos; ausência de crase etc São muitos erros em uma só publicação", resume a integrante do Conselho de Leitores do O POVO 2024, Marilene Pinheiro.

Diante deste exemplo, fica claro o quanto é válido atrasar o cronograma de publicação em prol de uma revisão mais cuidadosa. Indicação não exclusiva para as mídias sociais ou vídeos, mas para qualquer que seja o meio.

 

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