Joelma Leal assume como ombudsman do O POVO no mandato 2023/2024. É jornalista e especialista em Marketing. Atuou como editora-executiva de sete edições do Anuário do Ceará, esteve à frente da coluna Layout por 12 anos e foi responsável pela assessoria de comunicação do Grupo, durante 11 anos.
De fato, em nenhum momento é possível identificar a mulher que foi perseguida, ameaçada, constrangida e estuprada no Henrique Jorge, mas a Bruna teve sua identidade revelada e exposta
Notícias relacionadas feminicídio, importunação sexual e estupro têm sido recorrentes nas páginas e telas dos veículos de comunicação.
Na semana que passou, foram várias as situações lastimáveis. Um dos casos foi noticiado, a princípio, da seguinte forma: "Mulher desaparece ao sair para encontro e é achada morta em Fortaleza", em matéria publicada no portal O POVO, na segunda-feira, 4. A foto ilustrativa escolhida (em baixa resolução) foi a da fachada do prédio do 2º Distrito Policial, localizado na rua Costa Barros, no Meireles, em Fortaleza.
O lide (primeiro parágrafo da notícia) já informava o nome da vítima e do assassino: "Antônio Carlos Sousa Pereira, de 20 anos, foi preso suspeito da morte de Bruna Gonçalves, 30 anos. A mulher havia desaparecido após sair de casa para um encontro e foi achada morta com golpes de faca dentro de uma residência no bairro Varjota, em Fortaleza. O suspeito do crime foi preso em flagrante no dia 26 de outubro.".
No dia seguinte, mais desdobramentos acerca do episódio: "Fortaleza: mulher foi esfaqueada após suspeito não pagar por programa, indica investigação". Desta vez, a foto selecionada foi a da própria vítima, com o crédito "reprodução/redes sociais". Nesta matéria, o lide detalhava: "Bruna Gonçalves, de 30 anos, encontrada morta após sair de casa para um encontro, no bairro Varjota, em Fortaleza, teve uma dicussão (sic) com o suspeito do crime, Antônio Carlos Sousa Pereira, 20, preso em flagrante no dia 26 de outubro. A briga, conforme apuração do O POVO, seria porque o homem, após solicitar programa sexual, não tinha dinheiro para fazer o pagamento.".
O conteúdo repercutiu nas redes sociais do Grupo, o que gerou insatisfações acerca da escolha da foto. Um dos assinantes do O POVO entrou em contato via ombudsman e criticou: "Que coisa triste essa matéria. O jornal não pode se submeter tão completamente à lógica de caça cliques. Mais uma vez a foto de uma mulher assassinada. Será por que era uma garota de programa? Por isso ela merece essa dupla humilhação de ser assassinada a facadas e depois um jornal usar sua foto para ganhar likes e engajamento? Já é sabido que as redes sociais engajam com polêmica, notícias falsas e sensacionalistas. Essa se encaixa na notícia sensacionalista. Isso precisa ser levado a sério. Um jornal do porte do Povo não pode se deixar levar por isso assim. Fico triste e indignado com isso. O assassino tem o nome publicado, mas sem foto. Acho que nenhuma foto deveria ser publicada. Nem dele nem dela. Seria bom também ler os comentários no post e verem que não estou sozinho nesta percepção".
Seguindo a dica do leitor, é possível conferir uma série de opiniões negativas: "Pq não coloca a foto dele? Pq tem que ser a dela? Não basta a humilhação?"; "Em respeito aos filhos dela, deviam não ter exposto foto dela, muito desnecessário isso"; "Moral da história, só a vítima se lasca… teve a vida ceifada e ainda tem o rosto exposto o tempo inteiro nas matérias dos jornais ….".
Mais um episódio terrível
Outro fato estarrecedor foi exposto. Uma mulher foi estuprada ao retornar do trabalho e ser perseguida por um motorista, no bairro Henrique Jorge, em Fortaleza. A primeira das notícias - Mulher é vítima de estupro no bairro Henrique Jorge - trouxe recortes do vídeo de câmeras de segurança, mostrando o homem dirigindo ao lado da mulher que caminhava na calçada. Notícia veiculada na terça-feira, 5.
A apuração deu conta de que, em junho deste ano, o mesmo homem havia sido denunciado, anteriormente, por importunação sexual, ocorrida no bairro Cidade dos Funcionários, em Fortaleza. Foco da matéria "Preso por estupro de mulher foi denunciado por importunação sexual há cinco meses", além de outra destacando uma das formas cruéis de ameaça: "Acusado mostrou fotos dos filhos da vítima para ameaçá-la durante estupro".
O fato ecoou tanto no portal, como nas redes sociais, no impresso, nas rádios e em colunas. Nesta ocorrência, a divulgação da foto do agressor foi comemorada: "OBRIGADA por expor a cara do infeliz. as mulheres precisam disso!", escreveu uma seguidora do O POVO no Instagram; "Parabéns ao jornal, que mostrou a cara desse indivíduo", comentou outra.
Sobre as imagens, a editora-chefe de Cidades, Tânia Alves, afirma que "a publicação de fotos de vítimas de assassinatos ocorre na perspectiva de ajudar a mostrar um fato. Além disso, entendemos que, no caso específico (o da Bruna Gonçalves), a mulher já sofreu o maior constrangimento que alguém pode sofrer: a morte de forma brutal. Por outro lado, em outra matéria (sobre o episódio no Henrique Jorge), publicamos a foto de um suspeito de estupro também por entender ser importante para a notícia. E vai além. Publicizando a imagem dele, podemos contribuir para que outras vítimas o reconheçam". Tânia reforça, ainda, que O POVO não publica fotos que identifiquem vítimas de estupro.
De fato, em nenhum momento é possível identificar a mulher que foi perseguida, ameaçada, constrangida e estuprada no Henrique Jorge, mas a Bruna teve sua identidade revelada e exposta.
Os dias de Sofia
A semana também foi de estreia no OP+ , plataforma de streaming do O POVO, exclusiva para assinantes. Desde segunda-feira, 4, é possível acessar o documentário "Os Dias de Sofia", que conta a trajetória de Bruno Sofia, que foi diagnosticado com a Doença de Parkinson, aos 26 anos de idade, há 10 anos.
Conforme a sinopse, o material mostra o dia a dia do designer, gamer e especialista no mundo nerd, que “viu sua vida mudar pelos sintomas precoces e avanço acelerado da doença. Sofia e sua família vivem ‘um dia de cada vez’, enfrentando os obstáculos de uma condição que afeta não só a saúde física como, principalmente, a saúde mental”.
No dia da estreia, Bruno esteve no estúdio da O POVO CBN, onde concedeu entrevista à jornalista Maisa Vasconcelos, no programa O POVO da Tarde. Como ele mesmo disse: “O intuito do documentário é para as pessoas, não é sobre mim. A doença ainda não está ‘famosa’, o Parkinson ainda é uma doença de idoso. Essa é uma leitura nua e crua, mas fiz questão de abrir a minha casa e os meus medos para que as pessoas que estejam sofrendo com algum tipo de suspeita procurem ajuda”. Dica para o domingo.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.