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A lógica do egoísmo na F1
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Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). É repórter de Política do O POVO, com passagem pela área de Cotidiano. Apaixonada pela emoção do esporte e entusiasta de carros em alta velocidade nas pistas

A lógica do egoísmo na F1

Carlos Sainz tem a corda no pescoço, sem um assento para o ano que vem, e foi o único a quebrar a hegemonia da Red Bull. Em todas as vezes, houve a cobrança de que ele deveria deixar Charles Leclerc vencer
Tipo Opinião
Carlos Sainz e Charles Leclerc, pilotos da Ferrari, disputaram posição na Sprint do GP da China (Foto: Lillian SUWANRUMPHA / AFP)
Foto: Lillian SUWANRUMPHA / AFP Carlos Sainz e Charles Leclerc, pilotos da Ferrari, disputaram posição na Sprint do GP da China

A Fórmula 1, como todas as modalidades, é capaz de proporcionar cenas lindas e emocionantes. Daquelas que mexem com o coração. O caso mais recente foi a homenagem que o chinês Guanyu Zhou recebeu quando finalizou a corrida mesmo com a humilde 14ª posição, bem longe da zona de pontuação. Era o GP da China e a organização do evento marcou um cantinho especial para que ele recebesse o carinho da torcida e fosse ovacionado.

Era a primeira vez que o público chinês via o compatriota correr. O GP estava voltando após anos de hiato. Lágrimas certas para todos os lados, até para o espectador brasileiro, na seca de anos desde que Felipe Massa se aposentou. Mas o esporte tem o outro lado da moeda. Aquele egoísta, rancoroso e ambicioso, com a lembrança que apenas os vitoriosos são lembrados na história. É brutal, mas é como o esporte funciona.

Não é um aspecto ruim necessariamente, ainda mais quando a emoção nasce da competição. Daí a surpresa por Carlos Sainz ser cobrado por, supostamente, “passar dos limites” por disputar com o companheiro de equipe. Uma disputa justa, limpa, dentro da pista e de uma beleza com o vermelho inconfundível da Ferrari lado a lado na pista.

O espanhol tem a corda no pescoço, sem um assento para o ano que vem, e foi o único a quebrar, duas vezes, a hegemonia da Red Bull. Em todas as vezes, houve a cobrança de que ele deveria deixar Charles Leclerc vencer. Por quê?

É verdade que a paixão dos tifosi, os fãs da Scuderia Ferrari, com o monegasco é difícil de explicar, porque é quase espiritual. Mas por que, no mesmo carro e nas mesmas condições, já que nenhum dos dois leva a alcunha de primeiro piloto, Sainz deveria abrir? Ninguém está nem perto de disputar o campeonato e ainda mais que o espanhol precisa mostrar bom serviço no aviso prévio.

É bom ter espírito de equipe, mas, no fim do dia, as próprias equipes só têm lealdade aos seus próprios interesses. A Mercedes não queria conceder um contrato de anos a Lewis Hamilton, de olho na evolução de Kimi Antonelli, que o time acredita ser o próximo Max Verstappen.

Também foi negado que o inglês fosse embaixador da equipe após se aposentar, depois de anos dedicados. Lewis recebeu tudo isso e mais da Ferrari. "Egoísta" e "oportunista" também foram direcionados ao piloto. A lógica não bate e um famoso ditado já resume: "Camarão que dorme a onda leva". 

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