Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). É repórter de Política do O POVO, com passagem pela área de Cotidiano. Apaixonada pela emoção do esporte e entusiasta de carros em alta velocidade nas pistas
Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). É repórter de Política do O POVO, com passagem pela área de Cotidiano. Apaixonada pela emoção do esporte e entusiasta de carros em alta velocidade nas pistas
Os dias ensolarados de Miami ficarão para sempre na memória como o retrato da primeira vitória da carreira de Lando Norris, piloto da McLaren. Um safety car no momento certo e dificuldades técnicas no carro do tricampeão Max Verstappen mudaram o jogo e tiraram o marcador do inglês do zero.
Mesmo com a festa e a multidão de famosos que se embolaram pelo paddock, foi impossível não notar a presença de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, a todo vapor na pré-candidatura pela Casa Branca.
O republicano posou na garagem da McLaren ao lado do presidente da Federação Internacional do Automobilismo (FIA) e dos CEOs da Liberty Media e da Fórmula 1. Tudo isso trajando o boné com o slogan oficial de sua campanha. Os registros da passagem foram usadas como trunfo eleitoral.
Não vou entrar no mérito na postura do político, que acumula declarações xenofóbicas, racistas e misóginas. Mas ressoam as altas doses de hipocrisia. É a mesma FIA que tem adotado fortes restrições quando se fala de política. Mohammed ben Sulayem, presidente da instituição, que agora posa nas fotos, citou, em 2022, o próprio Lando Norris, além de Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, ao criticar a atuação dos pilotos.
Hamilton se consolidou — a contragosto da organização da categoria, é certo — como uma voz atuante em causas sociais. Não sem tentativas de intimidação. Em 2020, quando usou camiseta pedindo a prisão dos policiais que assassinaram a jovem afro-americana Breonna Taylor, a FIA abriu a investigação contra ele.
Foi imposta uma regra para que os pilotos só participem da premiação ou concedam entrevista com o macacão totalmente fechado para evitar qualquer tipo de ato. Na época, quem geria a entidade era o francês Jean Todt, antecessor de ben Sulayem. O discurso é que o esporte tem que ser "neutro" e os pilotos são apenas para pilotar.
Esqueceram só de avisar que desde que o mundo é mundo, esporte e política andam juntos. Até os que hoje são referenciados pelos chatões de plantão como "pilotos de verdade" foram agentes de mudanças. Niki Lauda e James Hunt eram vozes atuantes que questionava GP na África do Sul em meio ao Apartheid. Em 1985, as próprias equipes fizeram um boicote.
Não que a F1 vá mudar o mundo sozinha, mas a FIA, por seguir nesse discurso de apolítica para não comprometer apoio de patrocinadores nem se "queimar" com alguns setores, segue barrando avanços mais concretos para que a categoria seja mais receptiva e atrativa para além das mesmas pessoas de sempre.
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