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A Ferrari mistura inocência com amadorismo
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Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). É repórter de Política do O POVO, com passagem pela área de Cotidiano. Apaixonada pela emoção do esporte e entusiasta de carros em alta velocidade nas pistas

A Ferrari mistura inocência com amadorismo

Falta de estratégia ressalta as condições ruins do carro e afasta os pilotos de bons resultados
Charles Leclerc e Lewis Hamilton são pilotos da Ferrari (Foto: CHARLY TRIBALLEAU/AFP)
Foto: CHARLY TRIBALLEAU/AFP Charles Leclerc e Lewis Hamilton são pilotos da Ferrari

Não parece, mas, nestes 75 anos de Fórmula 1, a Ferrari é a equipe mais bem sucedida: são 16 campeonatos de construtores e 15 títulos de pilotos, além de centenas de pódios e vitórias. Mas o hiato de temporadas bem-sucedidas é claro reflexo do que equipe performa hoje em dia. Parece haver até uma certa inocência, em meio a tanto amadorismo.

Parece não encaixar que a mesma equipe que é um dos símbolos do automobilismo, do carro vermelho, ao cavalo em um fundo amarelo, não consegue analisar dados e traçar estratégias. O último episódio no GP de Miami é uma síntese de um modus operandi que já despontou em outros anos e anos.

Na corrida sprint, com a pista molhada em poucos pontos, Lewis Hamilton diz que é momento de fazer a troca de pneus. A ida anteciparia o movimento de outras equipes e, no fim, se provou uma boa escolha. O inglês pede pneus macios. O engenheiro responde: “Box para médios”. Hamilton devolve: “Macios, cara”. Isso garantiu o pódio. Nem seria a primeira vez que o piloto receberia de surpresa um composto que não ia render na pista ou um bem diferente do que tinha pedido no rádio.

No domingo, Hamilton e Charles Leclerc estavam em estratégias diferentes. Após a troca, o inglês foi para pneus médios, enquanto o monegasco estava de duros. Fred Vasseur alegou que a equipe ficou esperando, por uma volta e meia, para saber se os tempos de Hamilton eram pelo DRS ou pelo composto. Na prática, depois da dupla passar Carlos Sainz, foram quase seis voltas em que, sem um retorno claro da equipe, os pilotos ficaram sem saber como prosseguir. Com um composto melhor, foi dito a Hamilton para manter a distância de DRS para Leclerc. O inglês fez uma chuva de rádios irônicos. Com a demora, na hora da troca de posições, a janela dos pneus de Hamilton já tinha ido embora e Leclerc já não rendia após ter ficado tanto tempo no ar sujo do companheiro de equipe.

No fim, foi o amadorismo de não ter pulso: ou Hamilton passava e ia à caça de Kimi Antonelli ou Lerclerc mantinha o ritmo e puxava ele e seu companheiro de equipe. A inocência foi achar que, com um carro tão inconsistente e sem ritmo de corrida, o bom seria uma demora. De quebra, a Ferrari ganhou uma lavação de roupa suja pública entre os pilotos. Hoje, os panos quentes animizaram, mas a frustração já arruinou outras relações. A briga toda por uma possível sexta posição. 

Foto do Júlia Duarte

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