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Uma bienal diversa e para todos
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Juliana Diniz é doutora em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC). É editora do site bemdito.jor

Uma bienal diversa e para todos

A defesa da leitura como direito e como habilidade que devemos cultivar nunca foi tão necessária: há um número crescente de pessoas que acreditam que essa atividade pode ser transferida para a máquina, para uma inteligência artificial
Bienal do Livro de Sao Paulo confirma autores que estarão presentes no evento (Foto: Pexels / freestocks)
Foto: Pexels / freestocks Bienal do Livro de Sao Paulo confirma autores que estarão presentes no evento

No próximo dia 4 de abril terá início um dos eventos mais esperados do calendário cultural do estado: a Bienal do livro. É um evento com público massivo, ávido por descobrir a literatura, e que sempre prestigia com entusiasmo a programação preparada pela Secretaria da Cultura. Assim como muitos leitores, estou ansiosa pelo início do evento e entusiasmada com a proposta deste ano.

O tema da XV Bienal do Livro do Ceará traz para o centro do debate a produção literária das mulheres. "Das fogueiras ao fogo das palavras: mulheres, resistência e literatura" é o título que sintetiza o reconhecimento da escrita das mulheres e do valor da arte por elas produzida. A curadoria será integralmente feminina: Nina Rizzi, Trudruá Dorrico, Sara Diva Ipiranga e Amara Moira conduzirão o trabalho de selecionar temas e nomes que nos convidarão a um mergulho no mundo dos livros.

As bienais são fundamentais como política de incentivo à leitura. O público crescente a cada nova edição faz prova de que a cultura do livro está muito viva no coração dos cearenses e que, com o estímulo certo, é possível cultivar o hábito da leitura como uma forma muito especial de compreensão do mundo, de si e do outro. Como portais muito privilegiados, os livros são mediadores da nossa inteligência, sensibilidade e conhecimento, e tornam a vida mais saborosa, mais divertida, mais rica.

Antonio Cândido, em um de seus mais belos ensaios, intitulado "O direito à literatura", defende a ideia de que a literatura deve fazer parte da vida de todos porque garante o direito ao sonho e à fantasia. Para ele, "a literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos à natureza, à sociedade e ao semelhante". Mais do que um simples entretenimento, ela nos ajuda a expandir a alma e alcançar o outro, criando conexões e despertando empatia e sensibilidade.

A defesa da leitura como direito e como habilidade que devemos cultivar nunca foi tão necessária: há um número crescente de pessoas que acreditam que essa atividade pode ser transferida para a máquina, para uma inteligência artificial que possa extrair, com facilidade, as informações úteis de um texto. É uma visão ingênua e, com o perdão da sinceridade, limitadora dos nossos potenciais: o ato de ler, assim como qualquer outro exercício, é uma prática que requer treino, constância e repetição, e estimula a inteligência. Mais do que uma simples forma de obter informações orientadas para alguma utilidade, é uma forma de nos tornar mais vivos e criativos. Ler deveria ser tarefa a preservarmos para nós, humanos, a qualquer custo!

A Universidade Federal do Ceará estará na bienal com um belo stand ocupado pela Editora UFC, que tenho a alegria de integrar como vice-diretora. Dedicados à tarefa de divulgar o conhecimento produzido no estado, lançaremos uma seleção saborosa de títulos do melhor da literatura cearense e exibiremos, com orgulho, todo o brilho das nossas letras ensolaradas, como as de Antônio Sales, Patativa do Assaré e Margarida Sabóia de Carvalho. É uma alegria viver em um estado que celebra o valor do livro. Que possamos desfrutar do melhor dessa festa!

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