
Juliana Diniz é doutora em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC). É editora do site bemdito.jor
Juliana Diniz é doutora em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC). É editora do site bemdito.jor
O fascínio com que acompanhamos a escolha do novo papa diz muito sobre o poder. O reinado de um papa é sobretudo a expressão de um poder que se impõe pela marca do simbólico, pela força da palavra e pela necessidade de que o mundo tem de um sentido para o futuro. O papa rege almas e não exércitos, influencia e oferece caminho -tão ou mais necessário do que a pólvora e o dinheiro. Por essa razão aguardamos com tanta atenção o anúncio de seu nome. Quem será aquele que ocupará um lugar estratégico, o de guia das almas? Que mensagens ele anunciará? Que perspectiva seu exemplo oferecerá para seu povo?
É um povo imenso, disperso em múltiplos territórios, que fala várias línguas e se expressa em diferentes matrizes culturais. Um povo verdadeiramente "católico", no sentido de universal: do extremo oriente ao extremo ocidente, fieis aguardam os sinais do advento de um novo tempo para sua Igreja. Se um bom líder agrega, ensina pelo exemplo e ilumina os fieis no momento de pior desalento, um mau líder pode representar uma ameaça ao personificar um horizonte de desesperança, de esgarçamento dos vínculos e também da fé.
Por isso Francisco foi tão especial. Com seu carisma, simplicidade e exemplo, trouxe para uma instituição milenar e poderosa um imenso reforço de dignidade moral, inspirando católicos e não católicos a acreditar no bem, e manter sua ação voltada ao compromisso com o próximo, com o fraco, com o necessitado. Estaria seu sucessor à altura de sua força? Como suceder um líder tão grande quanto o papa Francisco?
O anúncio de que a Igreja oferecia Leão XIV a seu povo foi recebido com muito alívio pelos admiradores da perspectiva franciscana de mundo, fé e igreja. O americano Francis Prévost seria um nome de continuidade, um sacerdote conhecido pela piedade missionária, pela dedicação a uma diocese sul-americana, onde a pobreza e a desigualdade humanizam e pedem a prática das virtudes do cristianismo. A escolha do nome já foi por si só o primeiro ensinamento: o papa se chamará Leão, como o frei companheiro de São Francisco e um dos primeiros seguidores do santo tão conectado à natureza e aos pobres.
Chegou à sacada onde era tão aguardado com uma expressão de serenidade emocionada e trouxe uma primeira palavra de defesa da paz e do diálogo. Aos que o esperavam, reforçou o conforto proporcionado pela esperança: "o mal não irá prevalecer. Portanto, sem medo, juntos, de mãos dadas, com Deus e uns com os outros, prossigamos". Pediu que os fieis se dediquem a edificar uma igreja construtora de pontes, compromissada com a paz.
Sua mensagem foi clara. Como escreveu meu colega professor Emmanuel Furtado Filho em artigo publicado do Segunda Opinião, "ao escolher esse nome, Leão XIV parece querer resgatar essa dupla vocação: a autoridade moral contra a barbárie e a doutrina social contra a desumanização". Agostiniano, espera de seu povo uma dedicação disciplinada com o exercício da fé e da consciência da responsabilidade de cada um com a Palavra. Que seu carisma discreto possa inspirar uma caridade piedosa e iluminar um mundo que necessita, mais do que nunca, da atenção com aqueles que sofrem no desamparo.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.