
É doutora em Educação pela UFC. Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro
É doutora em Educação pela UFC. Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro
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Durante toda minha vida escolar, as aulas de História eram as que mais me motivavam. Eu ficava entusiasmada com os acontecimentos, as revoluções, as revoltas e as transformações. Enfim, o devir histórico me causava paixão e contentamento, os olhos brilhavam, o silêncio profundo para não desperdiçar nenhum comentário do professor contrastava com a ebulição interna que se passava em meus pensamentos. Eu tive o privilégio de estudar em boas escolas e conviver com exímios professores.
O amor pela história nunca me abandonou e, dentro desse universo, a Revolução Francesa sempre exerceu um maior fascínio sobre mim. Acho que ter tio materno com nome de Danton ajudou.
Brincadeiras à parte, o fato é que em meu acervo pessoal existem diferentes obras que versam sobre a Revolução Francesa. Na fase adulta e por ocasião de uma pesquisa, senti-me como que roubada, pois todos os livros que li e aulas de História a que assisti nunca me apresentaram o nome de Olympe de Gouges, uma francesa que lutou pelo fim da escravidão, da pena de morte e de outras injustiças sociais.
Contudo, o maior legado de Olympe foi sua defesa intransigente pelos direitos das mulheres, uma luta antiga, mas que a realidade nos revela estar longe de se tornar obsoleta.
Eu fico refletindo sobre os motivos da morte simbólica de uma mulher tão brilhante que escreveu inúmeras peças teatrais, artigos para jornais e que assim como os revolucionários lutou pela liberdade e igualdade.
Eu adquiri um hábito de olhar as obras mais recentes sobre a Revolução Francesa e procurar o nome de Olympe de Gouges e, na maioria das vezes, ele não está lá, salve exceção quando a historiadora é feminista.
Deste modo, permanece um acordo tácito e cruel, os livros que trazem os homens como protagonistas são de interesse universal, quanto às obras que aludem personagens femininas são consideradas de cunho identitário.
Penso que seria tão mais enriquecedor e pedagógico dizer que, no grandioso acontecimento de 1789, homens e mulheres lutaram juntos por uma sociedade com menos privilégios e arbitrariedades. Os historiadores precisam reparar essa injustiça.
A sociedade e principalmente as novas gerações precisam conhecer e também reconhecer a importância da mulher que escreveu "A Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã" (1791) em reposta a exclusão sumária das mulheres no texto da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão relegando aquelas à condição de não cidadã.
Para mim, que já li tanto sobre Olympe de Gouges, ela nos deixou um legado e uma semente. O legado é que a história é eivada de contradições. Como Olympe foi declarada inimiga do povo e posteriormente guilhotinada por lutar por igualdade uma das bandeiras de luta dos revolucionários de 1789?
A semente foi a Declaração dos Direitos da Mulher que em seus 17 artigos enunciam os direitos de liberdade algo tão distante ainda nos dias de hoje.
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