
É doutora em Educação pela UFC. Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro
É doutora em Educação pela UFC. Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro
Apesar das pesquisas apontarem o desinteresse, a apatia e até mesmo o ódio pela política por parte da população, a proximidade das eleições altera, de algum modo, a rotina da cidade notadamente quando a eleição é municipal, uma vez que esta concentra as pautas e decisões pertinentes à esfera local que promovem mudanças no cotidiano da cidade e na qualidade de vida dos cidadãos. A decisão pela escolha do voto transita por vários critérios.
Nessa seara, questões de identificação emocional e até irracionais não estão descartadas, assim como eu, muitas mulheres elegeram o gênero como diferencial na escolha do candidato. Infelizmente, para esse pleito, a cidade de Fortaleza (CE) não contará com nenhuma candidatura feminina para o executivo municipal, contudo se tem um bom número de candidatas ao cargo de vereador.
Ao decidirmos pelo voto em mulheres, não podemos esquecer dos últimos acontecimentos políticos que atestaram sobejamente que mulheres na política não é garantia de pautas e projetos que conduzem à igualdade de gênero. Ainda permanece viva na memória os nomes de dez deputadas que votaram contra a lei de igualdade salarial entre homens e mulheres.
O voto concedido a uma mulher por critério exclusivo de gênero sem conhecer e debater o projeto que ela encarna se baseia na ideia equivocada de que nós mulheres temos uma essência unívoca e inalterável. A verdade é que o universo feminino tem as cores da vastidão e da complexidade. Desse modo, as mulheres pertencem a realidades sociais diferentes e possuem níveis econômicos muito desiguais, motivos pelos quais possuem expectativas muito diferentes.
As demandas femininas, há muito tempo negligenciadas e represadas, precisam na atualidade romper com dois obstáculos: primeiro, a invasão do neoliberalismo no terreno político que conduz invariavelmente ao esvaziamento de políticas públicas e à retirada de direitos sociais; segundo, a abordagem das questões relacionadas aos direitos das mulheres pela ótica neoconservadora que redunda em rupturas com pactos e agendas progressistas, abandonando pelo caminho os poucos avanços já conquistados.
Portanto, a escolha por candidatas femininas não pode prescindir de análise criteriosa, pois não vislumbramos apenas por representatividade, mas sobretudo por representatividade substantiva, real, democrática e emancipatória.
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