
É doutora em Educação pela UFC. Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro
É doutora em Educação pela UFC. Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro
Estamos a três dias de uma acirrada eleição local em que os candidatos manejam de forma habilidosa a disputa pela imaginação dos indivíduos. Os debates em torno dos projetos foram substituídos por jogos de acusações. Outrora a política congregava esperanças mútuas e uma vontade de mudar o mundo. Paulatinamente, a esperança e a coragem foram substituídas por um medo desmedido e um fatalismo cego que transita pelo imaginário social defendendo que não há alternativa fora do que está posto.
Desse modo, toda a potência política é canalizada para administrar o caos. Nessa seara, a luta pelos direitos das minorias, entre eles o direito das mulheres, estão no epicentro da disputa entre os candidatos à prefeitura, dado que aquelas representam uma fatia considerável do competitivo mercado eleitoral, cabendo aos postulantes ao cargo do executivo municipal, apresentar-se como um produto embalado para ser consumido pelos eleitores do sexo feminino, para tanto uma verdadeira engenharia performática é retirada da cartola.
A instrumentalização das pautas femininas para fins eleitoreiros esteve presente praticamente em todos os debates e no horário eleitoral. Temas como igualdade, justiça e equidade de gênero não foram pronunciados. Ao que se assistiu foram homens falando sobre mulheres e não com mulheres, tornando a voz pública feminina silente, as lutas legítimas das mulheres são abordadas na ótica de um identitarismo esvaziado, destituído de análises estruturais e ancorado em demagogia e moralismo.
A perspectiva de direitos e da cidadania são substituídos por falas acusatórias em que as mulheres são utilizadas como arma para atacar o adversário. Após os ataques, seguem-se vídeos da vida íntima dos candidatos e depoimentos de mulheres que circundam a vida deles, atestando que eles são bons produtos para serem consumidos por mulheres, ainda que na vida pública tenham votado em pautas flagrantemente contrárias aos direitos femininos.
Essas eleições sob todos os aspectos demostraram o quão nossa cidade está atrasada para discutir minimamente sobre meio ambiente, moradia, transporte público e direito das mulheres. Estamos atados a uma lógica fragmentada que percebe o espaço como um amontoado de questões incomunicáveis, o que redunda na concepção e implementação de políticas públicas isoladas, pontuais que não dão voz aos cidadãos.
A violência política, como era de se esperar, disparou sendo um dos maiores casos de violência física, com 94 ocorrências, seguidas dos homicídios, com 15 ocorrências, segundo dados do Observatório da Violência Política Eleitoral (OVPE). São Paulo – SP aparece como a capital que mais registrou violências, no Nordeste, o Ceará ocupa a segunda colocação no triste ranking da violência política.
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