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Under the Sea: a joia da Miolo
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Karime Loureiro é advogada e professora de inglês. Apaixonada pelo mundo dos vinhos, formou-se Sommelière Internacional pela International Wine Tasters Organization, atuando como palestrante e mediadora de eventos enogastronômicos. Presta consultorias para jantares harmonizados e eventos, ministra cursos de vinhos pelo Brasil e é digital influencer deste universo, sendo conhecida como Embaixadora das Borbulhas. Na bagagem, a visita a mais de 150 vinícolas pelo mundo

Karime Loureiro gastronomia

Under the Sea: a joia da Miolo

|EDIÇÃO HISTÓRICA|
As garrafas foram depositadas no fundo do mar da Bretanha, na França, mais especificamente na Baie du Stiff, na ilha de Ouessant.  (Foto: divulgação)
Foto: divulgação As garrafas foram depositadas no fundo do mar da Bretanha, na França, mais especificamente na Baie du Stiff, na ilha de Ouessant.

Em 2014, a Miolo concluía a elaboração da safra icônica de seu renomado espumante Miolo Cuvée. Apenas dois anos depois, a vinícola brasileira celebrava o sucesso internacional do rótulo, atingindo a marca de 100 mil garrafas exportadas, com 10 mil delas vendidas na prestigiada Soif d'Ailleurs, uma referência entre lojas de vinho em Paris.

A relevância do Cuvée foi ratificada em 2016, durante uma degustação especial na embaixada brasileira em Paris. O evento contou com ninguém menos que Steven Spurrier, o renomado crítico inglês responsável pelo histórico Julgamento de Paris em 1976, o qual colocara os vinhos californianos no mapa mundial.

Para coroar, aqui vale o trocadilho, esse reconhecimento, a Miolo decidiu ousar: imergir 504 garrafas do espumante nas águas do Atlântico Norte, resgatando uma prática que remonta aos tempos de navios naufragados carregados de vinhos. A escolha do local foi minuciosa. As garrafas foram depositadas no fundo do mar da Bretanha, na França, mais especificamente na Baie du Stiff, na ilha de Ouessant. Segundo Denis Drouin, presidente da Amphoris — empresa especializada nesse tipo de operação —, o local oferece condições ideais: escuridão absoluta, temperatura constante entre 10°C e 14°C, alta pressão e proteção contra grandes oscilações.

Ali, no que chamaram de "cave submarina", as garrafas ficaram envelhecendo entre outubro de 2016 e novembro de 2017. Após o resgate, o lote retornou ao Brasil, onde permaneceu armazenado nas caves subterrâneas da vinícola no Vale dos Vinhedos, completando uma década de maturação. A embaixadora das borbulhas que habita em mim suspira neste momento ( risos)

Mas como será que estão essas "jóias do fundo do mar"? Adriano Miolo, diretor superintendente do grupo, evita descrições sensoriais detalhadas, afirmando que degustar o produto é uma experiência singular: "Vai além do ritual usual da degustação. É algo único", diz. Ele ainda destaca que a prática foi inspirada em achados de navios naufragados, onde vinhos e espumantes, após séculos, ainda se mostram surpreendentemente preservados.

"O Under the Sea é um espumante aspiracional", define Adriano. Segundo ele, as condições submarinas acentuam as características do terroir do Vale dos Vinhedos, criando um perfil sensorial inédito que só pode ser descoberto ao abrir a garrafa. O preço para essa experiência? R$ 3.500 por unidade, com uma embalagem especial que remete ao design de uma lente de farol marítimo.

Além disso, a Miolo já imergiu outros dois lotes no mesmo local: 140 garrafas de Brut Rosé, também de 2014, e 350 garrafas da safra 2016, todos aguardando o momento certo de chegarem ao mercado após completarem 10 anos de maturação.

Mas e você, leitor, o que acha dessa combinação de vinho e mar? Seria o envelhecimento submarino uma estratégia inovadora ou apenas uma bela ação de marketing ? Você pagaria para degustar um espumante com essa história?

E, para encerrar, uma última reflexão: no fundo, o que realmente torna um vinho especial? A origem, a história , o sabor ou tudo?

Dedico esta coluna à memória de um querido leitor: Professor Leandro Lélis.

 

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